Certo dia, a Independentemente Confusa decidiu que ia viajar pra espairecer. O gatinho da vez estava a fim de um fim de semana especial, e ela, que estava na estafa do trabalho, aceitou. Claro que antes encontrou a Super Segura para ter certeza de que essa seria uma boa ideia. Em um café, no fim do dia, as duas trocaram confidências:
IC: Então amiga, o que você acha? O Rodrigo quer muito sair um pouco daqui - Indagou, a Independentemente Confusa.
SS: Ué? Vai! Qual o drama da vez? - Desafiou, a Super Segura
IC: Não fala assim. Sabe que minha relação com ele é só de ficar de vez em quando, que tenho medo de me envolver e me ferrar mais um vez... - Explicou.
SS: Amiga, para com isso. Ele é bacana. Te curte de montão. Quer só ficar um pouco longe dessa doideira que é o Rio de Janeiro - Condescendente.
IC: Eu sei, eu sei... Mas sei lá, algo me diz que não é uma boa.
SS: Bom, então siga seus instintos e perca uma viagem romântica - aconselhou a amiga.
IC: Não, também não é pra tanto. Pode ser que seja um medo bobo de me envolver com mais uma cara errado, né?
SS: E se for? Mais um, menos um...
IC: É, você tá certo. O que pode dar errado em dois dias no mato com um cara lindo e gostoso, né?
SS: Ah, garota, assim que se fala! Vai nessa. Arruma a mochilinha e parte pro amor! Nem que seja por dois dias!! Eu estarei aqui. Me liga se precisar! - Encorajou a amiga.
IC: Ah, o que seria de mim sem você!
A Independentemente Confusa levanta e dá um beijo na amiga. Deixa uns trocados e vai embora saltitante.
SS: Espero que dê tudo certo mesmo - fala para si mesma.
Fecha na titubeada da Super Segura.
No dia seguinte, a Independentemente Confusa já fez a mala e levou direto para a labutao. Às 18h o garotão maroto buscou-a na porta do trabalho. Foram ouvindo o CD do Otto nas alturas. Pararam no meio da estrada para uns amassos pontuais. Seguiram para a tal casa que um amigo dele emprestou pelo fim de semana. Subiram a Serra cantando ao som de Céu. Entraram na estrada esburacada. Cada salto do carro era uma gargalhada. Chegaram na casa.
IC: Que gracinha de lugar! – Exclamou, a Independentemente Confusa com sorriso no rosto.
RODRIGO: Gostou, gata?! Tudo pra você – disse com voz e jeito de galã de novela mexicana.
IC: Adorei, gato! Maravilha! – deu um pulinho e abraçou o galã.
Alguns minutos depois, as malas já estavam abertas no chão. E os dois se amaram como se não houvesse amanhã. No fim da noite, os dois viram “Kika”, um filme de Almodóvar, que ela ama e ele trouxe para agradar sua amada. O clima era perfeito. A noite foi fria e os dois dormiram de conchinha. Quando ele pegou no sono, a Independentemente Confusa pegou o celular e mandou uma mensagem para Super Segura:
“Amiga, está tudo na mais perfeita harmonia. Não poderia ter tomado melhor decisão. Obrigada”.
E apagou.
No dia seguinte, conheceram o Zé, caseiro do palacete, no meio do mato. Muito simpático e agradável Seu Zé tomou a liberdade de dar uma ideia ao casal embebido de paixão.
SEU ZÉ: Olha, o almoço tá ficano pronto. Aqui perto tem uma casa que tem uma menina lá que tá suzinha e que pediu ajuda pra comprá uns mantimentu pra armoçá. Qu'ces acham de chamá a moça pra cumê cum nós?
Na hora a Independentemente Confusa estava efusiva e não pensou duas vezes:
IC: Claro, Seu Zé! Tem comida pra uma família comer junto. Chama a moça!
Dali há uma meia hora chegou Michele, uma moça bonita, de outro estado, que ali estava passando um fim de semana pra descansar:
MICHELE: Pois é, estou muito cansada da cidade. Minha mãe tem essa casa de veraneio e às vezes venho passar alguns dias para pensar - contou.
IC: Que bom ter um lugar assim. Nós viemos com o mesmo objetivo. Respirar novos ares. Mergulhar no rio. Ver o verde - sorridente.
MICHELE: É importante ter esses momentos. Ainda mais em casal. Vocês namoram há muito tempo?
IC: Não, não namoramos. Estamos nos conhecendo – E se afasta para pegar mais um copo de vodka com suco de laranja.
RODRIGO: E você, o que faz uma menina tão linda sozinha por aqui? Não tem namorado? - soltou o menino com voz de galã.
MICHELE: Não. Estou numa fase de autoconhecimento, sabe? Estou querendo me descobrir – E termina mais um copo de vodka com suco de laranja.
RODRIGO: Deixa eu pegar mais pra você – Pega o copo das mãos de Michele, e encosta nos dedos dela, deixando deslizar um pouco. Ela olha com susto, mas o sorriso dele é conquistador e a menina devolve o mesmo sorriso com os lábios apertados.
Mais afastados, preparando a segunda garrafa de vodka com suco de laranja, Independentemente Confusa e Rodrigo trocam algumas palavras:
IC: Ela é legal, né?
RODRIGO: Muito.
IC: Que bom que Seu Zé teve essa ideia. A princípio achei estranho, mas se ela está sozinha pode ser boa companhia.
RODRIGO: É.
IC: Tá bom de Vodka?
RODRIGO: Põe mais.
Os dois voltam à conversa.
IC: Nossa, nem comemos direito. Sobrou tudo! – E cai na gargalhada. Todos riem, se abraçando – Cadê o Seu Zé?
MICHELE: Acho que ele desceu pra comprar mais bebida.
IC: Mais? Já acabamos com três garrafas! – E caem na gargalhada novamente.
(...)
MICHELE: E aí, ele me pegou e me levou pra casa – E caem na gargalhada.
corta com uma ideia, a Independentemente Confusa: Vou descer atrás do Seu Zé pra pegar mais bebida!
E sai pela estrada afora atrás de Seu Zé. Encontra o caseiro chegando com os mantimentos em sacolas. Abraça o Seu Zé, pega uma das sacolas e vai conversando amenidades com o novo melhor amigo na subida até a casa. Chega à cozinha e começa a guardar as coisas, tropeça e ri. Seu Zé acha tudo muito engraçado e se aproveita da condolência da moça da cidade grande.
A Independentemente Confusa vai ao banheiro e quase cai. Mas volta às gargalhadas, mais contidas quando vê Seu Zé. Ao chegar na porta da varanda, dá de cara com uma cena inesperada. Rodrigo se atracando com Michele. São beijos quentes e mãos bobas por tudo quanto é lugar do corpo dos dois. O frio lhe sobe a espinha dorsal. Por um segundo esfrega os olhos e não acredita no que vê.. No segundo posterior sai de encontro ao novíssimo casal já gritando:
IC: É isso mesmo? É isso mesmo que eu to vendo?
RODRIGO: Gata! Vem aqui! – Entre os beijos puxa a IC às gargalhadas com Michele. Ela fica assoberbada. Não tem reação. Se livra das mãos do cara e vai direto pra dentro da casa. Sai de novo e eles continuam se pegando no maior amasso dos últimos tempos. Ela olha em volta e o que vê é o notebook de Rodrigo, conectado a caixas de som às alturas tocando Led Zeppelin. Ela pega as caixas e sai com tudo. Joga o equipamento na piscina.
IC: Seu verme filho da p...! Tá pensando o que da sua vida, seu M... Que P... É essa? Sai dessa casa sua Piiiiiii!
Os dois se entreolham e percebem que a coisa é séria! A Independentemente Confusa está irada. Volta pra dentro da casa e pega uma faca. Seu Zé vê toda a cena atônito, mas corre atrás da Independentemente Confusa e a segura, prevendo uma tragédia. Ela chora e berra. Michele se recompõe e sai em debandada. Rodrigo pula na piscina pra tentar salvar seu Mac. Seu Zé não sabe o que fazer e carrega a Independentemente Confusa pra casa dele, nos fundos da casa principal. Ela chora até ser derrubada pelo sono.
No dia seguinte ela acorda com 15 mamutes siberianos dançando em sua cabeça. Abre os olhos inchados e não sabe onde está. Procura alguma coisa comum aos seus sentidos e enxerga Seu Zé fazendo café.
SEU ZÉ: Ô moça! A noite foi agitada. Toma esse café pra melhorar essa cara - Ele lhe entrega uma caneca.
IC: Ah... É... obrigada. Mas onde estou? - Se recompondo.
SEU ZÉ: Está na minha casa. Achei mio te trazê pra cá antes que fizesse uma besteira - Olha com carinho paterno pra moça tentando se recompor.
Os dois conversaram baixinho pra cabeça da Independentemente Confusa não estourar. Ela foi se lembrando de tudo e foi tomada por uma vergonha infinita. Logo ela, uma mulher moderna e independente passar por isso... Não entrava na cabeça dela. Ela foi até a casa principal e encontrou Rodrigo deitado no sofá, chorando baixinho. O Mac Book pro dele no chão, junto com as caixas de som, encharcados. Ela se sentou na ponta do sofá e os dois não falaram nada por no mínimo 40 minutos. Depois disso ela levantou e lhe trouxe um chá. Ele tomou com os olhos tão inchados quanto os dela.
RODRIGO: Me desculpa, gata. Me desculpa.
IC: Não, não desculpo. Nunca vou entender o que passou na cabeça pra fazer isso comigo.
RODRIGO: Eu não queria te magoar. Só achei que... Nós... Não sei. Você é sempre tão pra frente, tão independente, tão mulher contemporânea.... Que achei...
IC: Não acredito! Você achou que eu poderia transar com vocês dois? É isso?
Rodrigo emudeceu.
IC: Putaquilpariu! Mas você é muito burro! Muito! - batendo com uma das mãos na perna.
RODRIGO: Pois é... Não imaginei que você fosse tão... tão... quadrada.
IC: Quadrada!!! Rodrigo, você realmente... Fez tudo errado. Me perdeu pra sempre. E ainda perdeu uma boa oportunidade - e sai pra cozinha.
Ele vai atrás.
RODRIGO: Como assim?
IC: Se você falasse comigo, me desses indícios, me falasse ao pé do ouvido...
RODRIGO: Você está dizendo que...
IC: Que você fez tu-do errado! Quem sabe, se chegasse com jeito, me seduzisse primeiro. Como você pôde achar que eu ia chegar e ver meu gato se pegando com outra e ficar com tesão?
RODRIGO: Achei que vocês estavam tão enturmadas...
IC: Cala a boca! Da próxima vez você deixa as mulheres se descobrirem primeiro, se for esse mesmo o caso. Mas dessa vez, faz o seguinte. Junta sua coisa e vaza daqui!
RODRIGO: Como assim?
IC: Assim gato! Pega e vaza!
RODRIGO: Mas a casa é do meu amigo...
IC: Problema seu e do seu amigo. Vai embora sem olhar pra trás. Tira meu telefone do seu celular e carrega esse equipamento molhado daqui.
Quando Rodrigo olhou para porta viu Seu Zé com cara de poucos amigos. Não teve saída. Juntou os trapos e se mandou em menos de 15 minutos. Depois que ele foi a Independentemente Confusa ligou para a Super Segura.
CORTA
IC: ... Mas homem é muito burro mesmo... Fiquei enfurecida, amiga!!!! Quase acabou com meu dia. - silêncio - Ué? Então ele saiu daqui com o rabinho entre as pernas... – e sorriu ainda se recuperando do nervosismo, mas já muito leve.
No fundo Seu Zé enche mais um copo de vodka com suco de laranja e leva para Independentemente Confusa que sorri cúmplice e desliga o celular. Os dois brindam o final da tarde de domingo ao som de Amy Winehouse. Michele aponta na porta da cozinha, ainda muito sem graça, mas a Independentemente Segura manda ela entrar e serve um copo para ela também brindar. As duas sorriem se entreolham e miram em direção ao Seu Zé.
CORTA.
quinta-feira, agosto 04, 2011
sábado, fevereiro 19, 2011
Um dia inteiro
Se um dia me engolisse por inteiro
não sobraria um fio de cabelo
Ele cuspiria suor
Gardênia Vargas (19/02/11)
não sobraria um fio de cabelo
Ele cuspiria suor
Gardênia Vargas (19/02/11)
domingo, dezembro 19, 2010
Ilusões
Uma dia ela acordou no susto,
estava voando
Era um pássaro
dos grandes
bateu as asas cor de ouro
e se foi
Olhou para os lados e se viu na janela
do quarto
ainda escuro
Mirou o infinito
e se jogou
Acordou no susto
se machucou
Por que ela era
na verdade
uma flor
estava voando
Era um pássaro
dos grandes
bateu as asas cor de ouro
e se foi
Olhou para os lados e se viu na janela
do quarto
ainda escuro
Mirou o infinito
e se jogou
Acordou no susto
se machucou
Por que ela era
na verdade
uma flor
sexta-feira, dezembro 03, 2010
INDEPENDENTEMENTE CONFUSA E A SUPER SEGURA EM: UM CARINHA DA INTERNET
Um dia a Independentemente Confusa olhou no relógio e viu que estava atrasada. Pulou da cama, olhou para os lados, pegou o lençol, se cobriu e foi até o banheiro com medo de encontrar mais alguém no seu apê vazio. Tomou um banho demorado e saiu enrolada na toalha. Entrou em seu quarto enxuta, passou seu hidratante cheiroso no corpo todo, se vestiu, pegou a bolsa já arrumada do dia anterior, olhou para cima da mesa e viu seu copo de whisky aguado e lembrou da noite online, seu date cibernético. Levou a mão à cabeça e sorriu sozinha só com o canto dos lábios.
Chegou ao trabalho e entrou online. Ele não estava. De repente pula a janela da amiga Super Segura, que já estava de pé fazia algumas horas, trabalhando de casa.
SUPER SEGURA - E aí amiga? Como foi ontem?
INDEPENDENTEMENTE CONFUSA - Oi! Foi louco. Ele estava especialmente inspirado.
SS - Mas vocês ficaram conversando on line?
IC - Exatamente assim como estamos agora.
SS - Hummmmmm
IC - Não gosto de câmera, você sabe.
SS - Mas e aí??? Ele vem?
IC - Como vem? Vem pra onde?
SS - Ué? Vem te ver!
IC - Amiga, ele está no Rio.
SS - ?????
IC - É...
SS - Não entendi na-da.
IC - Pô, ele está aqui há uns três dias.
SS - E aíiiiiiiiiiiiiiiiiiiii?
IC - Não sei, a gente marca de se ver e na hora acha melhor ficar na internet. Acho que tenho medo do encanto se quebrar. Da fantasia virar realidade. Dele não ser tudo que espero.
SS - É, você corre esse risco. Ele também. Mas não faz o menor sentido ele vir pra cá só pra te ver e você não se encontrarem, concorda?
IC - Sim, sim...
Tempo.
IC - Amiga, preciso ficar offline. Minha chefe chegou e tenho um monte de coisas para fazer.
SS - Ok, ok. Té já. Bju
IC - Bjoca
A Super Segura fecha a janela da conversa, maneia a cabeça e volta a trabalhar. Do outro lado a Independentemente Confusa, minimiza a conversa e a janela do email, respira e levanta para pegar um copo d’água. Quando volta tem uma janela piscando. É ele:
ELE – Oi bonita.
Ela olha com a atenção de quem está lendo um parágrafo de um texto intenso. Segura o coração que pula desesperadamente. Fecha a janela e o email. Começa a trabalhar. Não consegue. Não tem concentração. Ela fica online novamente. Ele não fala. Ela então puxa a conversa:
IC – Oi.
ELE – Como está? Sobreviveu?
IC – Sim. Rs! Um pouco cansada. Mas está tudo bem.
ELE – Que bom. Fica na paz, viu?
Tempo
IC – Ok.Obrigada.
ELE – beijo e se cuida.
A Independentemente Confusa deixa a janela aberta da conversa e segura o choro. A angústia chega a invadir o corpo todo. Se sente fraca, quer sair de onde está, quer voar até sumir no infinito e chegar a outro lugar, ou até mesmo voltar no tempo. Não seria mal voltar no tempo. Dia perdido. Ela não conseguiu fazer nada no trabalho. O telefone toca, ela treme, mas é a amiga Super Segura:
SS - Oi Amiga? Tá tudo bem? Você ficou ausente o dia todo, não respondeu mais no GTalk nem no Facebook - pergunta.
IC - É amiga, muito trabalho... – responde desanimada.
SS – Sei... E o carinha?
IC – ah, sei lá - Tenta disfarçar.
SS – Não vão se ver mesmo? – Desconfia.
IC – Ele foi embora hoje à tarde - Conformada.
SS – Como assim, neguinha?!! Tá doida!! E não se viram? – Inconformada.
IC – é amiga, acho que não rolou...
SS – Cara, o que houve?!!!
IC – Ele ontem veio com esse papo que está confuso, que não sabe direito o que quer, que gosta muito de mim, mas que não quer me magoar. Acho que ficou com medo de me ver. Legal né?- Irônica.
SS – Afffe! Mais um desse tipo. Babaca! – Desacreditada.
IC - ...
SS – Ah cara, covarde ducaralhou! Ficou com medinha, é? Melhor ficar mesmo! Você é
muito mulher pra um merdinha desses.
IC – Pô, amiga, muito obrigada, mas acho que gostaria de ouvir outra coisa - Risos! – Desarma.
SS – Hahahahaha! Desculpa, mas é que esses homens contemporâneos estão me saindo bem piores do que as mulheres. Isso me dá uma certa indigestão – Sincera.
IC – amiga, já estou na porta da sua casa.
SS – Então sobe aí. Vamos tomar um saquê com lichia! – Convida animada.
IC – Ah, o que seria da minha vida sem você! - Sorri sem som.
SS – Ih, menina, então, você não sabe quem me ligou hoje?! – Muda o tom.
IC – Quem? O Roberto?! – Se interessa.
SS – Exatamente!
E a Independentemente Confusa entra no prédio com a amiga ao telefone. A conversa vai ficando longe. Vão se divertir e chorar algumas mágoas. Mas a noite será ótima! Bem melhor do que com “Ele”, acredite. Risos.
Chegou ao trabalho e entrou online. Ele não estava. De repente pula a janela da amiga Super Segura, que já estava de pé fazia algumas horas, trabalhando de casa.
SUPER SEGURA - E aí amiga? Como foi ontem?
INDEPENDENTEMENTE CONFUSA - Oi! Foi louco. Ele estava especialmente inspirado.
SS - Mas vocês ficaram conversando on line?
IC - Exatamente assim como estamos agora.
SS - Hummmmmm
IC - Não gosto de câmera, você sabe.
SS - Mas e aí??? Ele vem?
IC - Como vem? Vem pra onde?
SS - Ué? Vem te ver!
IC - Amiga, ele está no Rio.
SS - ?????
IC - É...
SS - Não entendi na-da.
IC - Pô, ele está aqui há uns três dias.
SS - E aíiiiiiiiiiiiiiiiiiiii?
IC - Não sei, a gente marca de se ver e na hora acha melhor ficar na internet. Acho que tenho medo do encanto se quebrar. Da fantasia virar realidade. Dele não ser tudo que espero.
SS - É, você corre esse risco. Ele também. Mas não faz o menor sentido ele vir pra cá só pra te ver e você não se encontrarem, concorda?
IC - Sim, sim...
Tempo.
IC - Amiga, preciso ficar offline. Minha chefe chegou e tenho um monte de coisas para fazer.
SS - Ok, ok. Té já. Bju
IC - Bjoca
A Super Segura fecha a janela da conversa, maneia a cabeça e volta a trabalhar. Do outro lado a Independentemente Confusa, minimiza a conversa e a janela do email, respira e levanta para pegar um copo d’água. Quando volta tem uma janela piscando. É ele:
ELE – Oi bonita.
Ela olha com a atenção de quem está lendo um parágrafo de um texto intenso. Segura o coração que pula desesperadamente. Fecha a janela e o email. Começa a trabalhar. Não consegue. Não tem concentração. Ela fica online novamente. Ele não fala. Ela então puxa a conversa:
IC – Oi.
ELE – Como está? Sobreviveu?
IC – Sim. Rs! Um pouco cansada. Mas está tudo bem.
ELE – Que bom. Fica na paz, viu?
Tempo
IC – Ok.Obrigada.
ELE – beijo e se cuida.
A Independentemente Confusa deixa a janela aberta da conversa e segura o choro. A angústia chega a invadir o corpo todo. Se sente fraca, quer sair de onde está, quer voar até sumir no infinito e chegar a outro lugar, ou até mesmo voltar no tempo. Não seria mal voltar no tempo. Dia perdido. Ela não conseguiu fazer nada no trabalho. O telefone toca, ela treme, mas é a amiga Super Segura:
SS - Oi Amiga? Tá tudo bem? Você ficou ausente o dia todo, não respondeu mais no GTalk nem no Facebook - pergunta.
IC - É amiga, muito trabalho... – responde desanimada.
SS – Sei... E o carinha?
IC – ah, sei lá - Tenta disfarçar.
SS – Não vão se ver mesmo? – Desconfia.
IC – Ele foi embora hoje à tarde - Conformada.
SS – Como assim, neguinha?!! Tá doida!! E não se viram? – Inconformada.
IC – é amiga, acho que não rolou...
SS – Cara, o que houve?!!!
IC – Ele ontem veio com esse papo que está confuso, que não sabe direito o que quer, que gosta muito de mim, mas que não quer me magoar. Acho que ficou com medo de me ver. Legal né?- Irônica.
SS – Afffe! Mais um desse tipo. Babaca! – Desacreditada.
IC - ...
SS – Ah cara, covarde ducaralhou! Ficou com medinha, é? Melhor ficar mesmo! Você é
muito mulher pra um merdinha desses.
IC – Pô, amiga, muito obrigada, mas acho que gostaria de ouvir outra coisa - Risos! – Desarma.
SS – Hahahahaha! Desculpa, mas é que esses homens contemporâneos estão me saindo bem piores do que as mulheres. Isso me dá uma certa indigestão – Sincera.
IC – amiga, já estou na porta da sua casa.
SS – Então sobe aí. Vamos tomar um saquê com lichia! – Convida animada.
IC – Ah, o que seria da minha vida sem você! - Sorri sem som.
SS – Ih, menina, então, você não sabe quem me ligou hoje?! – Muda o tom.
IC – Quem? O Roberto?! – Se interessa.
SS – Exatamente!
E a Independentemente Confusa entra no prédio com a amiga ao telefone. A conversa vai ficando longe. Vão se divertir e chorar algumas mágoas. Mas a noite será ótima! Bem melhor do que com “Ele”, acredite. Risos.
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sábado, setembro 25, 2010
Coração machucado
Meu coração machucado quando encontrou seu coração machucado, expirou ressabiado
O seu coração machucado não tinha curado, e assim como o meu coração machucado teve pressa de chegar
Atropelos em busca de curas só resultam em gaze e esparadrapos a mais para estancar
Os corações machucados se abraçam, querem ao menos respirar
As cicatrizes são até bonitas e guardam histórias, tudo pra recomeçar
Porém, o recomeço precisa primeiro terminar
Ou depois, o seu coração machucado acha o pouso desconfortável, pois o meu coração machucado não tem mais band aids pra lhe dar.
O seu coração machucado não tinha curado, e assim como o meu coração machucado teve pressa de chegar
Atropelos em busca de curas só resultam em gaze e esparadrapos a mais para estancar
Os corações machucados se abraçam, querem ao menos respirar
As cicatrizes são até bonitas e guardam histórias, tudo pra recomeçar
Porém, o recomeço precisa primeiro terminar
Ou depois, o seu coração machucado acha o pouso desconfortável, pois o meu coração machucado não tem mais band aids pra lhe dar.
quinta-feira, setembro 02, 2010
Aos amigos, uma breve ode!
Uma breve postagem sobre os amigos. Eles merecem.
Aos bons amigos, aos sinceros, aos que nos amam de verdade, aos que torcem por nós e lá no íntimo dividem todas as emoções.
Esses sim são os verdadeiros guerreiros que estão ao nosso lado sempre que precisamos, solicitamos ou simplesmente piscamos os olhos.
Queria deixar aqui todo meu louvor a esses grandes amigos que me acompanham e verdadeiramente estão ao meu lado. Sempre.
Muito amor, muito, muito.
Aos bons amigos, aos sinceros, aos que nos amam de verdade, aos que torcem por nós e lá no íntimo dividem todas as emoções.
Esses sim são os verdadeiros guerreiros que estão ao nosso lado sempre que precisamos, solicitamos ou simplesmente piscamos os olhos.
Queria deixar aqui todo meu louvor a esses grandes amigos que me acompanham e verdadeiramente estão ao meu lado. Sempre.
Muito amor, muito, muito.
sexta-feira, julho 23, 2010
Um pouco e só
Parei de te ver como luz
Parei de sentir como dó
Parei de esperar como bus
Parei de chorar como pluie
Agora andei, caminhei
Marquei e segui
Ensaiei sem olhar
Ceguei
O dia podia me lembrar
Guardei, juntei
Tá lá.
Tudo amassado, amuado
Um dia eu abro
Carrego e jogo no espaço
Preto no branco
sem embaraço.
Parei de sentir como dó
Parei de esperar como bus
Parei de chorar como pluie
Agora andei, caminhei
Marquei e segui
Ensaiei sem olhar
Ceguei
O dia podia me lembrar
Guardei, juntei
Tá lá.
Tudo amassado, amuado
Um dia eu abro
Carrego e jogo no espaço
Preto no branco
sem embaraço.
quarta-feira, julho 14, 2010
A mulher do Saci
Compartilhando a frase do dia:
"Feliz mesmo é a mulher do Saci, pois sabe que se levar um pé na bunda, quem cai é ele" - assinado, Mestre dos Magos (facebook)
Genial!
"Feliz mesmo é a mulher do Saci, pois sabe que se levar um pé na bunda, quem cai é ele" - assinado, Mestre dos Magos (facebook)
Genial!
terça-feira, julho 13, 2010
O presente
Um misto de emoções se funde no exato momento que recebe um presente pelo qual esperava demais, mas muito mesmo, há muito anos. Não há de se pagar todo esse tempo de espera. Ele construiu a história e a vitória. Não sei bem se é a tal felicidade ou a conquista, ou as duas juntas. Daí, você paralisa no tempo. Dá um nó. E para desatar, mais algumas areias hão de andar pela ampulheta...
domingo, junho 06, 2010
A volta
Um dia alguém me disse que sonhava muito com ele. Disse que ele viria. Estava esperando ele chegar à tarde, entre às 16h e às 17h. Era essa a hora em que ele apareceria de volta. Sempre, às 15h30 saia do banho, se perfumava e se debruçava na janela olhando discretamente para o fim da rua, de onde ele surgiria. Era esse perfume que ele reconheceria, a conheceu com ele, conviveu ao lado dela com esse cheiro e, portanto, ela não poderia mudar odor para não confundi-lo. Achava justo.
Me contou que ele se foi numa tarde de domingo. Ele saiu um pouco mais cedo que de costume, saiu pela porta da frente, apressado. Ela jura que foi atrás de algum rabo de saia que viu passar. Ele não deu explicações. Apenas não mais voltou. Desde então ela o espera na janela, entre às 16h e 17h. Já fazia sete meses e ele se quer deu notícias. Mas ela jurava que ele voltaria. Ele estaria ali, na porta de sua casa entre às 16h e às 17h de uma tarde qualquer. Por isso ela nunca faltava ao compromisso. Não se perdoaria se um dia ele aparecesse e ela não estivesse ali para recebe-lo.
O perfume já havia sido comprado três vezes. O vidro era pequeno e não podia faltar. Ele talvez não a reconhecesse sem esse cheiro. A porta da casa também era aberta sempre no horário marcado para que ele não tivesse dúvidas que voltou. Era o seu lugar. Ele haveria de voltar.
Os vizinhos já comentavam, falavam injúrias. Não se sabe como ela conseguia viver assim nessa esperança. Diziam "esperança vã". Ela dava de ouvidos. Continuava a se perfumar. "Ele vem, eu sei", dizia ela.
Um ano se passou, e ela continuava a se pendurar na janela e olhar discretamente para o fim da rua. Tinha certeza que ele voltaria. A porta aberta e o perfume no ar, não haveria como ele se enganar.
Todos diziam que ele parecia muito fiel, companheiro. Estava sempre ao lado dela. Não haveria como se confundir. Mas ela não podia se permitir a falhas, ele não poderia passar reto sem reconhecer a casa. Ela jogava seu corpo na janela e mirava longe. Não poderia. Não se perdoaria. E assim seguiu a espera-lo por mais dois anos, sem perder um dia se quer. Para ela, não houve um senão que a fizesse desistir. Só aquela maldita dor nas pernas, que um dia a levou para a emergência mais próxima. Ela não mais voltou.
A casa continua de portas abertas. Toda tarde alguém abre as portas e borrifa o perfume. Ele vai voltar. Ele fora o cão mais fiel que todos conheceram naquela vizinhança, e ela, a dona mais dedicada que todos já tiveram notícias por aquelas bandas de lá.
Me contou que ele se foi numa tarde de domingo. Ele saiu um pouco mais cedo que de costume, saiu pela porta da frente, apressado. Ela jura que foi atrás de algum rabo de saia que viu passar. Ele não deu explicações. Apenas não mais voltou. Desde então ela o espera na janela, entre às 16h e 17h. Já fazia sete meses e ele se quer deu notícias. Mas ela jurava que ele voltaria. Ele estaria ali, na porta de sua casa entre às 16h e às 17h de uma tarde qualquer. Por isso ela nunca faltava ao compromisso. Não se perdoaria se um dia ele aparecesse e ela não estivesse ali para recebe-lo.
O perfume já havia sido comprado três vezes. O vidro era pequeno e não podia faltar. Ele talvez não a reconhecesse sem esse cheiro. A porta da casa também era aberta sempre no horário marcado para que ele não tivesse dúvidas que voltou. Era o seu lugar. Ele haveria de voltar.
Os vizinhos já comentavam, falavam injúrias. Não se sabe como ela conseguia viver assim nessa esperança. Diziam "esperança vã". Ela dava de ouvidos. Continuava a se perfumar. "Ele vem, eu sei", dizia ela.
Um ano se passou, e ela continuava a se pendurar na janela e olhar discretamente para o fim da rua. Tinha certeza que ele voltaria. A porta aberta e o perfume no ar, não haveria como ele se enganar.
Todos diziam que ele parecia muito fiel, companheiro. Estava sempre ao lado dela. Não haveria como se confundir. Mas ela não podia se permitir a falhas, ele não poderia passar reto sem reconhecer a casa. Ela jogava seu corpo na janela e mirava longe. Não poderia. Não se perdoaria. E assim seguiu a espera-lo por mais dois anos, sem perder um dia se quer. Para ela, não houve um senão que a fizesse desistir. Só aquela maldita dor nas pernas, que um dia a levou para a emergência mais próxima. Ela não mais voltou.
A casa continua de portas abertas. Toda tarde alguém abre as portas e borrifa o perfume. Ele vai voltar. Ele fora o cão mais fiel que todos conheceram naquela vizinhança, e ela, a dona mais dedicada que todos já tiveram notícias por aquelas bandas de lá.
sexta-feira, junho 04, 2010
DICA DE FILME
Vejam o filme "A onda" (Die Welle) e pensem, pensem, pensem...
Um filme sobre o vazio que não deve ser preenchido e que, segundo uma amiga psicóloga das boas "Precisamos aprender a conviver com ele".
Segue o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=ZbyCJEIRBaA
Vejam e depois me passem as impressões. Eu não consigo parar de pensar...
Beijos e bom fim de semana!
Um filme sobre o vazio que não deve ser preenchido e que, segundo uma amiga psicóloga das boas "Precisamos aprender a conviver com ele".
Segue o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=ZbyCJEIRBaA
Vejam e depois me passem as impressões. Eu não consigo parar de pensar...
Beijos e bom fim de semana!
sexta-feira, maio 28, 2010
Guia Rio Show de programação :: O Globo - Teatro e Dança
HOJE TEM MAIS UM DIA DE TEMPO_FESTIVAL das Artes! Me encontrem por aí!
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sábado, maio 22, 2010
INDEPENDENTEMENTE CONFUSA E A SUPER SEGURA EM: A EMERGÊNCIA DO MUSO
As duas amigas estão comendo em um japonês da Zona Sul. De repente a Super Segura começa a passar mal. A Independentemente Confusa não sabe ao certo o que fazer, pois, raras foram as vezes que viu a amiga reclamando de dor.
A Super Segura sai às pressas, entra numa farmácia, compra um remédio para úlcera - que ela toma desde seus 15 anos -, e volta para o restaurante. Uma hora depois ela não melhorou e as duas decidem correr para a emergência de um hospital.
As duas entram na sala de espera de uma clínica na Gávea e dão de cara com um dos maiores musos do Brasil sentadinho, sozinho. Elas se entreolharam em cumplicidade. A Super Segura estava pálida, com as mãos no estômago. Isso até preocupou a Independentemente Confusa, que, de certo modo, ficou culpada por ficar “empolgada” de estar ali, NAQUELE momento.
Sentaram. Um silêncio sepulcral e de repente a Independentemente Confusa repara o rapaz, no banco oposto, balançando os braços para cima, para o lado, para baixo, com o olhar fixo no Iphone. Estava jogando um joguinho desses animados que distraem qualquer um. Ele olha pra cima:
- Oi, é que estou esperando há um tempão e não tinha o que fazer, né, daí to aqui... jogando - Comenta, muito sem graça, o muso, depois de perceber o olhar de curiosidade da Independentemente Confusa.
- Ah, não se preocupe. Estava só lembrando que hoje à tarde eu estava brincado com um joguinho também – Responde rápido, a Independentemente Confusa.
- Ah, sim, é bem divertido. Distrai. Ficar aqui esperando horas requer um pouco mais do que só paciência, né? - O muso continua o papo.
- Sim, sim. É verdade. É bom que faz passar o tempo sem sentir – Sorri, a Independentemente Confusa.
- Mas as pessoas olham e não entendem nada, assim como você... – Comenta, com os olhos arregalados, o muso.
- Eu entendi, sim. É que a gente fica parecendo retardado levantando o braço, seguindo com os olhos um aparelhinho, né? – Completa, a Independentemente Confusa.
- Ah, retardo, né? Sim. Era assim que estava me vendo – Indaga entre risos, o moço.
- Hahahaaha! Imagina, só visualizei a cena de hoje, eu com um quadrado levantando e descendo, pra um lado e para o outro. As pessoas passavam olhando, olhando... – Tenta amenizar o comentário anterior, a Independentemente Confusa.
O atendente da clínica grita o nome da Super Segura. A Independentemente Confusa pede licença ao rapaz muso e acompanha a amiga. Em um dos boxs de atendimento, enquanto a médica faz perguntas à Super Segura, a Independentemente Confusa ouve os médicos comentando um caso grave. “Dor no peito... Acho que teremos que internar hoje mesmo. Onde está o paciente? Ah, sim, na espera”. “Pronto, é o muso!”, pensa imediatamente a Independentemente Confusa. Não tinha mais ninguém na espera, tinha de ser ele.
Ela corre para sala de espera e vê o muso ao telefone e ouve “Tô aqui na emergência esperando os resultados os exames. Pois é, eles quiseram fazer imediatamente”. Ela aperta a blusa na altura do coração e já imagina um fim trágico para o rapaz. Volta para ver a amiga Super Segura, mas ela está bem, tomando remédio na veia e conversando com o enfermeiro. Corre para fora novamente e começa a querer distrair o muso:
- E aí, rapaz, o que te traz aqui?
- Saúde... A idade... – Responde evasivo, o muso.
- Ah, sim. A saúde... – Retruca na mesma linha, a Independentemente Confusa.
De repente a Segura Segura surge na porta de saída. Já está bem. Ela para e pede uma água. A Independentemente Confusa conta o que está acontecendo à amiga. Elas vêem uma unidade móvel de dor torácica entrar no pátio da clínica e já imaginam que irão levar o muso. Elas voltam à sala de espera para tentar descobrir a verdade:
- Olha só, sua amiga já melhorou. Está tudo bem? - Pergunta, o muso.
- Pois é, não era nada demais, só uma crise de gastrite – Responde a Super Segura.
- Hum, bom, então daqui a pouco passa. O duro é a gente sempre achar que está cheio de saúde e de repente começa a sentir alguma coisa estranha – Comenta, o muso.
- É, nada agradável essa situação – Comenta a Super Segura.
- Mas nada é por acaso, conheci vocês duas, uma simpatia só – Afirma com um sorriso largo, o muso.
- Ah, imagina, obrigada – Respondem, as duas amigas, fazendo dengo para o muso.
- Então, o que vão fazer depois daqui? – Pergunta o muso.
- Acho que vamos pra casa mesmo – Responde a Super Segura – Ainda que não pareça, não estou muito bem – sorri.
- Ah, que pena, não topam um papo no temaki, aqui em baixo, pra relaxar? – Convida, o muso.
E o nome do muso é chamado em alto e bom som. Ele corre sem esperar respostas ao convite. Olha pra trás e faz sinal para elas o esperarem. As duas se entreolham e rapidamente já se preparam para consolá-lo. É uma pena, elas têm certeza que ele sairá de lá direto para a unidade móvel. Entreolham-se com sentimento de pena. Mas logo a Independentemente Confusa vê a oportunidade de ficarem amigas do muso, se aproximarem. Já estavam sentindo que ele iria precisar muito delas naquele momento, sozinho, numa emergência de hospital. Elas começam a arrumar uma a outra, passam batom, ajeitam o cabelo fora do lugar. Ouvem os médicos se prepararem para a retirada do paciente e ficam de pé, prontas para o muso cair em seus braços.
De repente vêem um farol forte, olham para trás, pelo vidro da recepção, e uma pick-up está parada com motor ligado na porta da clínica. O muso sai apressado, com papeis em uma das mãos e o Iphone na outra. Faz sinal para o carro. O vidro do carro desce, uma musa o espera. Abre a porta do carona e o muso entra. Ele vê as duas amigas, arrumadíssimas na recepção. “Grita baixo” um “muito obrigada pela companhia”, as duas acenam através do vidro. Olham para frente e uma moça, de uns 65 anos é levada de maca para dentro da unidade móvel para dor torácica. Entreolham-se e:
- Porque fui cair nas suas baboseiras imaginárias outra vez... – Lamenta, a Super Segura, levando a mão ao estômago novamente.
- Mas amiga... Eu achei que... – Tenta falar, a Independentemente Confusa.
- Vamos amiga, vamos! – Corta a conversa, a Super Segura.
As duas vão andando em direção ao carro. A Super Segura balança a cabeça baixa negativamente, enquanto a Independentemente Confusa não para de tenta explicar. Entram no carro com sentimento de frustração passageira e vão embora, a Super Segura em silêncio na direção e a Independentemente Confusa, sem parar de falar, no carona.
A Super Segura sai às pressas, entra numa farmácia, compra um remédio para úlcera - que ela toma desde seus 15 anos -, e volta para o restaurante. Uma hora depois ela não melhorou e as duas decidem correr para a emergência de um hospital.
As duas entram na sala de espera de uma clínica na Gávea e dão de cara com um dos maiores musos do Brasil sentadinho, sozinho. Elas se entreolharam em cumplicidade. A Super Segura estava pálida, com as mãos no estômago. Isso até preocupou a Independentemente Confusa, que, de certo modo, ficou culpada por ficar “empolgada” de estar ali, NAQUELE momento.
Sentaram. Um silêncio sepulcral e de repente a Independentemente Confusa repara o rapaz, no banco oposto, balançando os braços para cima, para o lado, para baixo, com o olhar fixo no Iphone. Estava jogando um joguinho desses animados que distraem qualquer um. Ele olha pra cima:
- Oi, é que estou esperando há um tempão e não tinha o que fazer, né, daí to aqui... jogando - Comenta, muito sem graça, o muso, depois de perceber o olhar de curiosidade da Independentemente Confusa.
- Ah, não se preocupe. Estava só lembrando que hoje à tarde eu estava brincado com um joguinho também – Responde rápido, a Independentemente Confusa.
- Ah, sim, é bem divertido. Distrai. Ficar aqui esperando horas requer um pouco mais do que só paciência, né? - O muso continua o papo.
- Sim, sim. É verdade. É bom que faz passar o tempo sem sentir – Sorri, a Independentemente Confusa.
- Mas as pessoas olham e não entendem nada, assim como você... – Comenta, com os olhos arregalados, o muso.
- Eu entendi, sim. É que a gente fica parecendo retardado levantando o braço, seguindo com os olhos um aparelhinho, né? – Completa, a Independentemente Confusa.
- Ah, retardo, né? Sim. Era assim que estava me vendo – Indaga entre risos, o moço.
- Hahahaaha! Imagina, só visualizei a cena de hoje, eu com um quadrado levantando e descendo, pra um lado e para o outro. As pessoas passavam olhando, olhando... – Tenta amenizar o comentário anterior, a Independentemente Confusa.
O atendente da clínica grita o nome da Super Segura. A Independentemente Confusa pede licença ao rapaz muso e acompanha a amiga. Em um dos boxs de atendimento, enquanto a médica faz perguntas à Super Segura, a Independentemente Confusa ouve os médicos comentando um caso grave. “Dor no peito... Acho que teremos que internar hoje mesmo. Onde está o paciente? Ah, sim, na espera”. “Pronto, é o muso!”, pensa imediatamente a Independentemente Confusa. Não tinha mais ninguém na espera, tinha de ser ele.
Ela corre para sala de espera e vê o muso ao telefone e ouve “Tô aqui na emergência esperando os resultados os exames. Pois é, eles quiseram fazer imediatamente”. Ela aperta a blusa na altura do coração e já imagina um fim trágico para o rapaz. Volta para ver a amiga Super Segura, mas ela está bem, tomando remédio na veia e conversando com o enfermeiro. Corre para fora novamente e começa a querer distrair o muso:
- E aí, rapaz, o que te traz aqui?
- Saúde... A idade... – Responde evasivo, o muso.
- Ah, sim. A saúde... – Retruca na mesma linha, a Independentemente Confusa.
De repente a Segura Segura surge na porta de saída. Já está bem. Ela para e pede uma água. A Independentemente Confusa conta o que está acontecendo à amiga. Elas vêem uma unidade móvel de dor torácica entrar no pátio da clínica e já imaginam que irão levar o muso. Elas voltam à sala de espera para tentar descobrir a verdade:
- Olha só, sua amiga já melhorou. Está tudo bem? - Pergunta, o muso.
- Pois é, não era nada demais, só uma crise de gastrite – Responde a Super Segura.
- Hum, bom, então daqui a pouco passa. O duro é a gente sempre achar que está cheio de saúde e de repente começa a sentir alguma coisa estranha – Comenta, o muso.
- É, nada agradável essa situação – Comenta a Super Segura.
- Mas nada é por acaso, conheci vocês duas, uma simpatia só – Afirma com um sorriso largo, o muso.
- Ah, imagina, obrigada – Respondem, as duas amigas, fazendo dengo para o muso.
- Então, o que vão fazer depois daqui? – Pergunta o muso.
- Acho que vamos pra casa mesmo – Responde a Super Segura – Ainda que não pareça, não estou muito bem – sorri.
- Ah, que pena, não topam um papo no temaki, aqui em baixo, pra relaxar? – Convida, o muso.
E o nome do muso é chamado em alto e bom som. Ele corre sem esperar respostas ao convite. Olha pra trás e faz sinal para elas o esperarem. As duas se entreolham e rapidamente já se preparam para consolá-lo. É uma pena, elas têm certeza que ele sairá de lá direto para a unidade móvel. Entreolham-se com sentimento de pena. Mas logo a Independentemente Confusa vê a oportunidade de ficarem amigas do muso, se aproximarem. Já estavam sentindo que ele iria precisar muito delas naquele momento, sozinho, numa emergência de hospital. Elas começam a arrumar uma a outra, passam batom, ajeitam o cabelo fora do lugar. Ouvem os médicos se prepararem para a retirada do paciente e ficam de pé, prontas para o muso cair em seus braços.
De repente vêem um farol forte, olham para trás, pelo vidro da recepção, e uma pick-up está parada com motor ligado na porta da clínica. O muso sai apressado, com papeis em uma das mãos e o Iphone na outra. Faz sinal para o carro. O vidro do carro desce, uma musa o espera. Abre a porta do carona e o muso entra. Ele vê as duas amigas, arrumadíssimas na recepção. “Grita baixo” um “muito obrigada pela companhia”, as duas acenam através do vidro. Olham para frente e uma moça, de uns 65 anos é levada de maca para dentro da unidade móvel para dor torácica. Entreolham-se e:
- Porque fui cair nas suas baboseiras imaginárias outra vez... – Lamenta, a Super Segura, levando a mão ao estômago novamente.
- Mas amiga... Eu achei que... – Tenta falar, a Independentemente Confusa.
- Vamos amiga, vamos! – Corta a conversa, a Super Segura.
As duas vão andando em direção ao carro. A Super Segura balança a cabeça baixa negativamente, enquanto a Independentemente Confusa não para de tenta explicar. Entram no carro com sentimento de frustração passageira e vão embora, a Super Segura em silêncio na direção e a Independentemente Confusa, sem parar de falar, no carona.
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domingo, maio 09, 2010
quinta-feira, abril 01, 2010
INDEPENTENTEMENTE CONFUSA E SUPER SEGURA EM: O PLATÔNICO - 1
Um dia a Independentemente Confusa começa a falar em um tal menino, que ela encontra na internet, e que já viu umas duas vezes por conta de encontros casuais. Ele é amigo de alguns amigos de outros amigos dela. Para ela, ele é um cara inteligente e interessante, e assim, acabou despertando a imaginação de um caso perfeito pra aplacar sua carência momentânea.
- Amiga, ele é incrível. Fala cada coisa inteligente – conta entre suspiros e mãos trêmulas à Super Segura.
- Tá, mas vocês vão se ver quando? – Indaga, com uma certa preguiça, a Super Segura.
- Pô amiga, não sei. Não sei se é pra a gente se ver. Eu gosto de ler o que ele escreve...
Um mês se passa, e as amigas decidem ir a uma festa badalada da Zona Sul. Só se comenta das fantasias que irão usar, de quem vão encontrar, das fofocas entre amigos. Elas se encontram no apartamento da Super Segura, demoram horas colando estrelinhas e espalhando a purpurina. Seguem animadas pra festa. Lá pelas tantas, a Independentemente Confusa decide dar uma voltinha pela festa... e de repente:
- Ei, ei! Você por aqui?!
Ela olha pra trás, desconfiada, vai chegando bem perto do menino com óculos escuros, chapéu, colar de havaiana, uma peruca roxa. Ela chega mais perto, esfrega o queixo, olha para os lados:
- Oi, mas, quem é você? – Diz insegura , a Independentemente Confusa.
- Eu, cara! O amigo da Carol, irmã da Julia, namorada do Pedro – Relembra o moço, recolocando os óculos.
Nessa hora a Independentemente Confusa sente seu coração disparar. "É ele! É o Platônico!" Ela pensa rápido, faz cara de "ah, sim, claro" e fala:
- Ah, sim, claro. Poxa! Que legal te ver!! – Abraça o moço – Essa aqui é minha amiga – apresenta a Super Segura, que dá um sorriso largo e continua sem falar nada.
- Oi, prazer – cumprimenta de longe – E aí, depois daqui, vai fazer o que? – Nessa hora o Platônico olha profundamente pra Independentemente Confusa, pega seu copo e dá um fole bem demorado.
- Eu? Eu... eu vou pra casa – sorri amarelo, pega o copo da mão dele e bebe três goles diretos.
Aqui a Independentemente Confusa já está completamente dominada pelo desespero de não saber o que dizer frente a frente ao seu ideal de casamento perfeito e feliz.
- Ah, pra casa? É? Sério mesmo? – Insiste o Platônico.
- É... – responde desorientada, a Independentemente Confusa.
- Poxa, eu acho que ainda vou pra aquele bar ali da esquina.
- Ah, sim. Legal – Se segura a Independentemente Confusa.
- Bom, vou indo – se despede o Platônico.
- Ah tá. Beijos.
- Bom te encontrar além da internet – arremata boniiiiiiiiiito, o Platônico.
- Sim, também adorei – A Independentemente Confusa se contem e sai com muita vontade de gritar!
Olha pro lado e lá está a Super Segura olhando com um sorriso de canto, esperando a euforia da amiga.
- Amigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Putaquelpariu! Esse aí é o...
- Platônico.
- Isso!! Como você sabe?!! - Pergunta surpresa a Independentemente Confusa.
- Ah, só podia ser, ora. E aíiiiii? - Pergunta curiosa a Super Segura.
- E aí que não sei. Sei lá. Sei lá não sei. Vamos pro bar!!!!!!!!!!!! - decide a Independentemente Confusa.
- Hahahahahahaha! Tá bom. Mas antes vamos ali pegar mais um cerveja.
Umas duas horas depois as duas saem da festa e correm pro bar da esquina. Olham em volta. O bar está cheio, entupido de gente. Elas pegam mais uma cerveja, conversam com um e com outro. A Independentemente Confusa não para de olhar em volta. Nada do Platônico. Decidem ir embora. A Super Segura vai consolando a amiga.
Dias se passam e os dois online, um pouco de papo, mas nada. A Independentemente Confusa decide parar com essa coisa platônica. Arruma um namorico e segue sua vida. Às vezes ela bate um papo com o Platônico e tal, mas nada demais. Até um dia num desses MNSs da vida:
- Ah, você vai amanhã? - Pergunta o Platônico.
- Vou sim. Tô precisando me divertir um pouco - Responde reticente a Independentemente Confusa.
- Estou precisando também. Eu vou. Te encontro lá! Você vai, né? - Desbafa o Platônico
- Vou, vou sim. Você vai com quem? - Investiga a Independentemente Confusa.
- Vou encontrar você lá, ué?! Ou é melhor não? - Joga na roda, o esperto Platônico.
Silêncio. Coração dispara! Ela não sabe o que responder. Ela vai estar com o seu peguete. "Putaquilpariu! Sempre quis que esse homem tomasse alguma atitude, mas tinha que ser DESSA vez?!" Pensa alto a Independentemente Confusa. Liga rápido pra Super Segura, que sempre tem o melhor conselho a seguir:
- Amigaaaaaaa! O que que eu façoooooooo? - Pergunta enlouquecida a Independentemente Confusa depois de explicar a situação.
- Ué? Diz a verdade. Fala que é melhor outro dia, que amanhã estará acompanhada. Ou esse cara pensa que você fica esperando ele há meses? - Impele a Super Segura.
- Será?! Ai meu-Deus! Vou escrever - Decide a Independentemente Confusa.
Desliga o telefone e escreve: "Melhor deixar pra próxima, querido. Amanhã estarei acompanhada na festa. Se tivesse me dito antes...". Ele responde: "ok". Ela pensa "ok????? ok???? Ok! Chega disso. Chega dessa emoção. Pô, não mereço isso!". Fecha o notebook, respira, liga pro peguete, se enche de coragem e diz:
- Oi, tudo bem? É... Então, bonitinho... Estava aqui pensando... Não vou à festa amanhã. Cansei, sabe. E sabe, melhor a gente parar por aqui. Acho que preciso ficar sozinha. Não quero te fazer mal, sabe. Não, não, o problema é comigo, não é com você. Relaxa. Adoro você. Seremos bons amigos.
Vai tomar um banho bem demorado. Deita na cama e pensa no dia seguinte, quando abrirá seu note book e verá o verdinho piscando do platônico online...
- Amiga, ele é incrível. Fala cada coisa inteligente – conta entre suspiros e mãos trêmulas à Super Segura.
- Tá, mas vocês vão se ver quando? – Indaga, com uma certa preguiça, a Super Segura.
- Pô amiga, não sei. Não sei se é pra a gente se ver. Eu gosto de ler o que ele escreve...
Um mês se passa, e as amigas decidem ir a uma festa badalada da Zona Sul. Só se comenta das fantasias que irão usar, de quem vão encontrar, das fofocas entre amigos. Elas se encontram no apartamento da Super Segura, demoram horas colando estrelinhas e espalhando a purpurina. Seguem animadas pra festa. Lá pelas tantas, a Independentemente Confusa decide dar uma voltinha pela festa... e de repente:
- Ei, ei! Você por aqui?!
Ela olha pra trás, desconfiada, vai chegando bem perto do menino com óculos escuros, chapéu, colar de havaiana, uma peruca roxa. Ela chega mais perto, esfrega o queixo, olha para os lados:
- Oi, mas, quem é você? – Diz insegura , a Independentemente Confusa.
- Eu, cara! O amigo da Carol, irmã da Julia, namorada do Pedro – Relembra o moço, recolocando os óculos.
Nessa hora a Independentemente Confusa sente seu coração disparar. "É ele! É o Platônico!" Ela pensa rápido, faz cara de "ah, sim, claro" e fala:
- Ah, sim, claro. Poxa! Que legal te ver!! – Abraça o moço – Essa aqui é minha amiga – apresenta a Super Segura, que dá um sorriso largo e continua sem falar nada.
- Oi, prazer – cumprimenta de longe – E aí, depois daqui, vai fazer o que? – Nessa hora o Platônico olha profundamente pra Independentemente Confusa, pega seu copo e dá um fole bem demorado.
- Eu? Eu... eu vou pra casa – sorri amarelo, pega o copo da mão dele e bebe três goles diretos.
Aqui a Independentemente Confusa já está completamente dominada pelo desespero de não saber o que dizer frente a frente ao seu ideal de casamento perfeito e feliz.
- Ah, pra casa? É? Sério mesmo? – Insiste o Platônico.
- É... – responde desorientada, a Independentemente Confusa.
- Poxa, eu acho que ainda vou pra aquele bar ali da esquina.
- Ah, sim. Legal – Se segura a Independentemente Confusa.
- Bom, vou indo – se despede o Platônico.
- Ah tá. Beijos.
- Bom te encontrar além da internet – arremata boniiiiiiiiiito, o Platônico.
- Sim, também adorei – A Independentemente Confusa se contem e sai com muita vontade de gritar!
Olha pro lado e lá está a Super Segura olhando com um sorriso de canto, esperando a euforia da amiga.
- Amigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Putaquelpariu! Esse aí é o...
- Platônico.
- Isso!! Como você sabe?!! - Pergunta surpresa a Independentemente Confusa.
- Ah, só podia ser, ora. E aíiiiii? - Pergunta curiosa a Super Segura.
- E aí que não sei. Sei lá. Sei lá não sei. Vamos pro bar!!!!!!!!!!!! - decide a Independentemente Confusa.
- Hahahahahahaha! Tá bom. Mas antes vamos ali pegar mais um cerveja.
Umas duas horas depois as duas saem da festa e correm pro bar da esquina. Olham em volta. O bar está cheio, entupido de gente. Elas pegam mais uma cerveja, conversam com um e com outro. A Independentemente Confusa não para de olhar em volta. Nada do Platônico. Decidem ir embora. A Super Segura vai consolando a amiga.
Dias se passam e os dois online, um pouco de papo, mas nada. A Independentemente Confusa decide parar com essa coisa platônica. Arruma um namorico e segue sua vida. Às vezes ela bate um papo com o Platônico e tal, mas nada demais. Até um dia num desses MNSs da vida:
- Ah, você vai amanhã? - Pergunta o Platônico.
- Vou sim. Tô precisando me divertir um pouco - Responde reticente a Independentemente Confusa.
- Estou precisando também. Eu vou. Te encontro lá! Você vai, né? - Desbafa o Platônico
- Vou, vou sim. Você vai com quem? - Investiga a Independentemente Confusa.
- Vou encontrar você lá, ué?! Ou é melhor não? - Joga na roda, o esperto Platônico.
Silêncio. Coração dispara! Ela não sabe o que responder. Ela vai estar com o seu peguete. "Putaquilpariu! Sempre quis que esse homem tomasse alguma atitude, mas tinha que ser DESSA vez?!" Pensa alto a Independentemente Confusa. Liga rápido pra Super Segura, que sempre tem o melhor conselho a seguir:
- Amigaaaaaaa! O que que eu façoooooooo? - Pergunta enlouquecida a Independentemente Confusa depois de explicar a situação.
- Ué? Diz a verdade. Fala que é melhor outro dia, que amanhã estará acompanhada. Ou esse cara pensa que você fica esperando ele há meses? - Impele a Super Segura.
- Será?! Ai meu-Deus! Vou escrever - Decide a Independentemente Confusa.
Desliga o telefone e escreve: "Melhor deixar pra próxima, querido. Amanhã estarei acompanhada na festa. Se tivesse me dito antes...". Ele responde: "ok". Ela pensa "ok????? ok???? Ok! Chega disso. Chega dessa emoção. Pô, não mereço isso!". Fecha o notebook, respira, liga pro peguete, se enche de coragem e diz:
- Oi, tudo bem? É... Então, bonitinho... Estava aqui pensando... Não vou à festa amanhã. Cansei, sabe. E sabe, melhor a gente parar por aqui. Acho que preciso ficar sozinha. Não quero te fazer mal, sabe. Não, não, o problema é comigo, não é com você. Relaxa. Adoro você. Seremos bons amigos.
Vai tomar um banho bem demorado. Deita na cama e pensa no dia seguinte, quando abrirá seu note book e verá o verdinho piscando do platônico online...
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quarta-feira, março 24, 2010
Juliana...
Um dia Juliana olhou pela janela e viu que ventava. As árvores longínquas dançavam ao som do movimento. Juliana olhava com vontade de estar lá, no topo, bailando com as folhas que caiam e giravam até o chão. Lá de dentro ela tremia de frio, o ar condicionado estava no máximo. Tinham homens na sala. O casaquinho fino que apertava os pulsos, nada acalentava seu coração vazio. E todo dia era assim. Lá se vai Juliana pela rua atrás das árvores que via lá de longe, dançando.
sexta-feira, março 12, 2010
A song way
Ah, a música
ela não para
dentro de mim
entra
sopra
morde
e fica
beija
lambe
esfrega
e fica
joga
bate
machuca
e fica
aperta
chupa
cospe
e fica
suave
balança
distrai
e fica
segura
confia
segue
e fica
arranha
entorpece
enlouquece
e fica
raspa
assopra
cheira
e fica
engole
enfia
e finca
****
(Gardênia Vargas - 12/mar/10)
ela não para
dentro de mim
entra
sopra
morde
e fica
beija
lambe
esfrega
e fica
joga
bate
machuca
e fica
aperta
chupa
cospe
e fica
suave
balança
distrai
e fica
segura
confia
segue
e fica
arranha
entorpece
enlouquece
e fica
raspa
assopra
cheira
e fica
engole
enfia
e finca
****
(Gardênia Vargas - 12/mar/10)
TROTE PELA CULATRA
Hoje, pela manhã, a "prima Dilce" recebeu uma ligação surreal! Segue a conversa para análise dos leitores:
- Alô
- Mãe, mãeee... Aiiiii, ai, ai!
- Alô?
- Mãaaaaaaaaaaaeeee... Socorooo... Aiiii, ai!
- Fala minha filha, fala Catarina, fala com a mamãe.
- Mãaaaaaaaaaae!
- Fala, minha filha, onde você está? Se não falar a mamãe não tem como te ajudar...
- Mamã... Olha só, já saquei que tu não tem filho porra nenhuma e tá de ironia com a minha cara. Então vô mandá a real: xonei na tua voz, princesa. Podexá que nenhum malandro vai te mais ligar.
(silêncio)
- Seguinte, não precisa ficar com medo, não. Tô na moral. Tô todo se quereno pá tú, princesa. Só isso.
- Ah, tá. E de onde você fala?
- Pô princesa, moro nos prazê.
- Ah sim...
- Pô, na moral, a verdade é outra, princesa. Num sô bicho, não, mas tô mermo é engaulado aqui em Bangú 3, mas já tô de saída. No fim de março já tô na rua. E sabe qual é, não tô mais afim de parada errada, não. Ô princesa, vô mermo é ficá na moral, no sapatinho. Quero um trabalho direito, criá meus bacurí e o caralho. Mas sabe com é, né? Vô ter que portá minha 40. A gente tem uns inimigo aí... É melhor ficar ligadoo, né não, princesa?
- Tá dizendo, né? Tá certo.
- Mas então, como é que a gente faz pá... pá... tu sabe, né princesa... pô, pá gente se encontrá, bater um lero, essas coisa e tal?
- Mas amigo, você não tá preso?
- Tô princesa, mas já tô de saída. Faz o seguinte, anota aí meu telefone: (numero). Qualquer parada tu me liga! Xonei nim tu.
- Ah tá, pode deixar. Obrigada.
- Meu nome é Wesley. E o seu?
- É... (inventando) Valesca.
- Então Valesca, me liga mermo.
- Pode deixar. Obrigada.
- Não, cara é sério, rapá. Pode ligá. Ta dominado, princesa. Ninguém vai mais te ligar, não. Já tirei teu número das mão dor malandro aqui. Pó ficá tranquila. Mas pô, tô todo se quereno pá tú..
- Obrigada.
- E vem cá. Tu mora onde?
- (pensando) Em... Laranjeiras. (mentira)
- Hummm, mora de aluguel?
- Sim.
- Ih, tadinha! Pô, se quisé te tiro dessa vida. Me liga, princesa. Agora preciso ir.
- Se cuida.
- Foi mó prazerão falá com tu.
tuuuuuuuuuummmmmmm tuuuuuuuummmmmmmm (acaba a ligação)
***
- Alô
- Mãe, mãeee... Aiiiii, ai, ai!
- Alô?
- Mãaaaaaaaaaaaeeee... Socorooo... Aiiii, ai!
- Fala minha filha, fala Catarina, fala com a mamãe.
- Mãaaaaaaaaaae!
- Fala, minha filha, onde você está? Se não falar a mamãe não tem como te ajudar...
- Mamã... Olha só, já saquei que tu não tem filho porra nenhuma e tá de ironia com a minha cara. Então vô mandá a real: xonei na tua voz, princesa. Podexá que nenhum malandro vai te mais ligar.
(silêncio)
- Seguinte, não precisa ficar com medo, não. Tô na moral. Tô todo se quereno pá tú, princesa. Só isso.
- Ah, tá. E de onde você fala?
- Pô princesa, moro nos prazê.
- Ah sim...
- Pô, na moral, a verdade é outra, princesa. Num sô bicho, não, mas tô mermo é engaulado aqui em Bangú 3, mas já tô de saída. No fim de março já tô na rua. E sabe qual é, não tô mais afim de parada errada, não. Ô princesa, vô mermo é ficá na moral, no sapatinho. Quero um trabalho direito, criá meus bacurí e o caralho. Mas sabe com é, né? Vô ter que portá minha 40. A gente tem uns inimigo aí... É melhor ficar ligadoo, né não, princesa?
- Tá dizendo, né? Tá certo.
- Mas então, como é que a gente faz pá... pá... tu sabe, né princesa... pô, pá gente se encontrá, bater um lero, essas coisa e tal?
- Mas amigo, você não tá preso?
- Tô princesa, mas já tô de saída. Faz o seguinte, anota aí meu telefone: (numero). Qualquer parada tu me liga! Xonei nim tu.
- Ah tá, pode deixar. Obrigada.
- Meu nome é Wesley. E o seu?
- É... (inventando) Valesca.
- Então Valesca, me liga mermo.
- Pode deixar. Obrigada.
- Não, cara é sério, rapá. Pode ligá. Ta dominado, princesa. Ninguém vai mais te ligar, não. Já tirei teu número das mão dor malandro aqui. Pó ficá tranquila. Mas pô, tô todo se quereno pá tú..
- Obrigada.
- E vem cá. Tu mora onde?
- (pensando) Em... Laranjeiras. (mentira)
- Hummm, mora de aluguel?
- Sim.
- Ih, tadinha! Pô, se quisé te tiro dessa vida. Me liga, princesa. Agora preciso ir.
- Se cuida.
- Foi mó prazerão falá com tu.
tuuuuuuuuuummmmmmm tuuuuuuuummmmmmmm (acaba a ligação)
***
terça-feira, fevereiro 23, 2010
BOTAFOGO: Mais uma prova de amor!
No dia seguinte que o Botafogo ganhou do Flamengo, recebi essa carta do meu pai, botafoguense até o último fio do cabelo que ainda lhe resta!! Achei bonito e resolvi postar em mais uma prova de amor ao velho, que igual ao Botafogo, mesmo cheio de erros e acertos, me ensinou o valor de amar incondicionalmente.
"QUERIDA, TOU NA RESSACA DA VITÓRIA DO BOTA SOBRE O FRAMNENGO.
Foi Hilário. Não ia passar o jogo (Garopaba / SC), fiquei vagando de noitinha e achei um bar chulé cheio de framenguistas onde ia passar a pugna. Eu não queria perder. Pra mim é o melhor jogo do mundo! Tavam todos de camisa horrorosa e sacaneando: tamos cum pena. Já foi!
Ainda comentei: O Bota é zebra, mas a Unidos da Tijuca tambem era! Não sei se entenderam...
1° TEMPO
Tudo bem, somos fleumáticos, somos Bota, e Fogo, fiquei sentado numa cadeira lá do canto. Parecia que estava sózinho. No primeiro minuto, quase QUASE QUE O fOGO FAZ UM GOL, FIQUEI FRIO, DEPOIS O FLA DOMINOU, DOMÍNIO ESPÚRIO, SABE COMO É, e fez um gol bobo, fruto de uma bobeira "nossa".
Não me apavorei. O juiz roubava descaradamente para o Urubu, um escândalo, como sempre, impune. Temos poucos craques, mas temos craques. Um deles é o Herrera, maravilhoso! Outro é o lateral esquerdo, e temos a torre Loco Abreu. A bola foi levantada, Loco desviou lá de cima, Herrera dominou espetacularmente, fez um giro lindo, difícil, coisa de craque, e soltou a bomba. O goleiro do Fra rebateu e o Marcelo, o lateral, pegou de primeira. Gol! Golaço! Claro que não me segurei, levantei pulando... A galera ficou me olhando numa boa, vi o pavor na cara deles.
Daí um velhinho que estava encostado no bar tomando umas pingas, veio caminhando e me abraçou. Você é Botafogo? Somos nós dois! Não te conheço mas agora você é meu amigo! (Coisas de botafoguenses) Nos abraçamos, cheios de confiança, acaba o primeiro tempo.
INTERVALO
Pedi uma água sem gás, umas paçoquinhas, (não tinha nada no bar, do que eles vivem? Cachaça e cerveja?) e me animei a fazer uns comentários. O pessoal é Framengo mas é decente,é, era agressivo, pudemos conversar e pude reclamar das roubadas horríveis do juizinho, como sempre foi.
2° TEMPO
Começa o segundo tempo, o Fogo tava diferente, temos o melhor técnico do mundo e achei que dava. O Framengo "perdia" gols, na verdade, para um cara como eu, que passou a vida jogando e vendo futebol, não perdiam era nada, eram lances normais, e pude sentir o desespero, AQUELE DO "QUEM PERDE LEVA" e daí o nosso técnico lindão, o Joel Santana, colocou aquele que a galera pedia, o Caio, o nosso Pelé branco. Tudo mudou, o garoto de 19 anos entortava todo mundo!
O Bota brigava, era final de Copa do Mundo e nós queremos e gostamos de ver RAÇA, você sabe.
E raça tinha, e futebol tambem. Outro levantamento, e outra vez o Herrera (eu te amo, Herrera!) deu um toque lateral pro Caio que entrou rachando, numa divida, e ela, a redonda, a mais amada, foi pererecando pra dentro do gol. Gooooooollllllllooolll !Gol de raça! Assim é que é bom!
Daí não aguentei mesmo! Pulei, gritei e corri pro meu velhinho praquele abraço gostoso. Ah! Que bafo horrível e gostoso de pinga! Quase que dei um beijo nele, mas aí era demais. Se fosse você, seriam mil beijos!
E os framengos foram murchando, eles só sabem ganhar, não sabem perder, ganhar é fácil, perder é que é dificil, daí é que tem que ter grandeza de saber que nada como um dia depois do outro! O Juiz ainda arranjou tres minutos roubados pra ver se conseguia o empate do Urubu, MAS O DIA ERA NOSSO, ESTAVA ESCRITO HÁ MIL ANOS! ACAAABOOOUUUU !!!!
FIM DE JOGO!
Aí o velhinho pirou, o sorriso sem dentes era lindo, pediu mais uma, me abraçou de novo, os urubus foram saindo de fininho e ficamos nós dois comentando o jogo, e o dono do bar, Fra, com a pintura na parede olhava calmamente, teve classe. O bar era na rua lá embaixo, fui caminhando flutuando, feliz, tinha que encontrar os amigos! Como somos bobos, e como é facil ser feliz!
É temporada aqui, a cidade tá cheia de camisas do Gremio e do Inter, fui andando no meio dos estrangeiros até o bar lá da praia onde nos reunimos, e meus amigos tavam lá.
Só eu Fogão, mas fui festejado por todos. Gente educada. Até os Urubus me abraçaram, bacana. Lembrei da frase imortal: "torcer para time de massa é falta de imaginação!" e beijei o escudo que estava no meu chaveiro. E aí gritei: tem que aturar! Ninguem ganha na véspera! O Fra tava de salto alto! O Caio é o novo Pelé! Tem que respeitar o time do Garrincha e do Nilton Santos! Do Jair! Do Túlio! Do Herrera ! Viva o Loco que é Loco mas não é burro! E outras barbaridades. Tomei outra água mineral sem gás e depois fui procurar coisa melhor pra fazer. Afinal, um dia especial!
Hoje acordei assim. Tou com o velho calção do Bota, a camisa que comprei quando estava contigo, empatamos com aqueles chatos, lembra, que ano foi isso, sei lá, e está ali, pendurada, e vou escolher qual vou usar hoje. Talvez a retro do Nilton Santos, a Enciclopédia do futebol!
Hoje vou desfilar a estrela. Vitória não é todo dia!
Toca o telefone. Tenho que ir no restaurante trocar umas fotos, as molduras estão pesadas, e depois de tarde colocar mais vinte e cinco fotos de música, cães, natureza, algumas mulheres (ninguem é de ferro) e depois te conto dos sucessos que virão.
Será que dá pra colocar esta bobagem emocional no teu blog? Cê que vê.
Te amo, me arrepio ao saber que voce é Botafogo!
Essa é uma enorme prova de amor que voce me dá!
Alem de existir na minha vida! Te amo, te adoro, forever!
Sermpre sempre, sempre, pra sempre!
Pappai"
E TEM JEITO DE NÃO SER, PAI?
"QUERIDA, TOU NA RESSACA DA VITÓRIA DO BOTA SOBRE O FRAMNENGO.
Foi Hilário. Não ia passar o jogo (Garopaba / SC), fiquei vagando de noitinha e achei um bar chulé cheio de framenguistas onde ia passar a pugna. Eu não queria perder. Pra mim é o melhor jogo do mundo! Tavam todos de camisa horrorosa e sacaneando: tamos cum pena. Já foi!
Ainda comentei: O Bota é zebra, mas a Unidos da Tijuca tambem era! Não sei se entenderam...
1° TEMPO
Tudo bem, somos fleumáticos, somos Bota, e Fogo, fiquei sentado numa cadeira lá do canto. Parecia que estava sózinho. No primeiro minuto, quase QUASE QUE O fOGO FAZ UM GOL, FIQUEI FRIO, DEPOIS O FLA DOMINOU, DOMÍNIO ESPÚRIO, SABE COMO É, e fez um gol bobo, fruto de uma bobeira "nossa".
Não me apavorei. O juiz roubava descaradamente para o Urubu, um escândalo, como sempre, impune. Temos poucos craques, mas temos craques. Um deles é o Herrera, maravilhoso! Outro é o lateral esquerdo, e temos a torre Loco Abreu. A bola foi levantada, Loco desviou lá de cima, Herrera dominou espetacularmente, fez um giro lindo, difícil, coisa de craque, e soltou a bomba. O goleiro do Fra rebateu e o Marcelo, o lateral, pegou de primeira. Gol! Golaço! Claro que não me segurei, levantei pulando... A galera ficou me olhando numa boa, vi o pavor na cara deles.
Daí um velhinho que estava encostado no bar tomando umas pingas, veio caminhando e me abraçou. Você é Botafogo? Somos nós dois! Não te conheço mas agora você é meu amigo! (Coisas de botafoguenses) Nos abraçamos, cheios de confiança, acaba o primeiro tempo.
INTERVALO
Pedi uma água sem gás, umas paçoquinhas, (não tinha nada no bar, do que eles vivem? Cachaça e cerveja?) e me animei a fazer uns comentários. O pessoal é Framengo mas é decente,é, era agressivo, pudemos conversar e pude reclamar das roubadas horríveis do juizinho, como sempre foi.
2° TEMPO
Começa o segundo tempo, o Fogo tava diferente, temos o melhor técnico do mundo e achei que dava. O Framengo "perdia" gols, na verdade, para um cara como eu, que passou a vida jogando e vendo futebol, não perdiam era nada, eram lances normais, e pude sentir o desespero, AQUELE DO "QUEM PERDE LEVA" e daí o nosso técnico lindão, o Joel Santana, colocou aquele que a galera pedia, o Caio, o nosso Pelé branco. Tudo mudou, o garoto de 19 anos entortava todo mundo!
O Bota brigava, era final de Copa do Mundo e nós queremos e gostamos de ver RAÇA, você sabe.
E raça tinha, e futebol tambem. Outro levantamento, e outra vez o Herrera (eu te amo, Herrera!) deu um toque lateral pro Caio que entrou rachando, numa divida, e ela, a redonda, a mais amada, foi pererecando pra dentro do gol. Gooooooollllllllooolll !Gol de raça! Assim é que é bom!
Daí não aguentei mesmo! Pulei, gritei e corri pro meu velhinho praquele abraço gostoso. Ah! Que bafo horrível e gostoso de pinga! Quase que dei um beijo nele, mas aí era demais. Se fosse você, seriam mil beijos!
E os framengos foram murchando, eles só sabem ganhar, não sabem perder, ganhar é fácil, perder é que é dificil, daí é que tem que ter grandeza de saber que nada como um dia depois do outro! O Juiz ainda arranjou tres minutos roubados pra ver se conseguia o empate do Urubu, MAS O DIA ERA NOSSO, ESTAVA ESCRITO HÁ MIL ANOS! ACAAABOOOUUUU !!!!
FIM DE JOGO!
Aí o velhinho pirou, o sorriso sem dentes era lindo, pediu mais uma, me abraçou de novo, os urubus foram saindo de fininho e ficamos nós dois comentando o jogo, e o dono do bar, Fra, com a pintura na parede olhava calmamente, teve classe. O bar era na rua lá embaixo, fui caminhando flutuando, feliz, tinha que encontrar os amigos! Como somos bobos, e como é facil ser feliz!
É temporada aqui, a cidade tá cheia de camisas do Gremio e do Inter, fui andando no meio dos estrangeiros até o bar lá da praia onde nos reunimos, e meus amigos tavam lá.
Só eu Fogão, mas fui festejado por todos. Gente educada. Até os Urubus me abraçaram, bacana. Lembrei da frase imortal: "torcer para time de massa é falta de imaginação!" e beijei o escudo que estava no meu chaveiro. E aí gritei: tem que aturar! Ninguem ganha na véspera! O Fra tava de salto alto! O Caio é o novo Pelé! Tem que respeitar o time do Garrincha e do Nilton Santos! Do Jair! Do Túlio! Do Herrera ! Viva o Loco que é Loco mas não é burro! E outras barbaridades. Tomei outra água mineral sem gás e depois fui procurar coisa melhor pra fazer. Afinal, um dia especial!
Hoje acordei assim. Tou com o velho calção do Bota, a camisa que comprei quando estava contigo, empatamos com aqueles chatos, lembra, que ano foi isso, sei lá, e está ali, pendurada, e vou escolher qual vou usar hoje. Talvez a retro do Nilton Santos, a Enciclopédia do futebol!
Hoje vou desfilar a estrela. Vitória não é todo dia!
Toca o telefone. Tenho que ir no restaurante trocar umas fotos, as molduras estão pesadas, e depois de tarde colocar mais vinte e cinco fotos de música, cães, natureza, algumas mulheres (ninguem é de ferro) e depois te conto dos sucessos que virão.
Será que dá pra colocar esta bobagem emocional no teu blog? Cê que vê.
Te amo, me arrepio ao saber que voce é Botafogo!
Essa é uma enorme prova de amor que voce me dá!
Alem de existir na minha vida! Te amo, te adoro, forever!
Sermpre sempre, sempre, pra sempre!
Pappai"
E TEM JEITO DE NÃO SER, PAI?
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
E se o carnaval não deixar passar...
Um dia um moço chegou e tentou roubar de assalto seu coração. Ela não deixou. Como há tempos ninguém tira seu fôlego, decidiu que iria tentar desamarrar as amarras que o tempo traçou. Abriu a guarda, era o escopo, deixou entrar.
- Olá moço, você veio. Mas logo vai, não é mesmo?
- Minha intenção é essa, menina bonita.
- Assim é bom. Já fico sabendo. Assim é bom.
- Que assim seja.
Dias se passam, ela deixa o relógio flutar.
- Mas já vai... Passou tão rápido. Foi bom ter te conhecido.
- Eu vou, mas já volto.
- Não era esse o combinado.
- Nem tudo pode ser seguido à risca, menina bonita.
Horas se passam, minutos apertam e ele volta. Ela consegue escapar por mais alguns milésimos de segundo. E para o ponteiro!
- Bom te rever, moço. Você me parece bem.
- Sim, muito bem em revê-la, menina.
- Mas você vai em quantos dias?
- alguns mais e me vou.
- Agora de vez?
- Talvez.
Dois dias. Ela abre as janelas.
- Desculpe, mas não tenho mais que uma madrugada.
- Não me importo, menina, é na madrugada que as flores abrem e exalam o perfume.
- Que assim seja.
E foi. Contudo, durou mais que o previsto. Dois dias e o carnaval. Era abrir as portas ou fechar as janelas. Ela fechou. Não quer mais o que o tempo não modificou. Ele não entende porque ela foi tão consumida pelas horas tortas. Ela não consegue decodificar o que os minutos fizeram com eles nesse conta-gotas diário.
- Ficará por muitos anos aqui dentro. Lembranças ricas dos bons minutos a dois.
- É de pedra seu coração?
- Não, é mais macio do que aquela nuvem a passar... Mas se condensado, ele chora.
- Não dá pra segurar tudo, menina bonita, um dia há de chover.
- Já choveu muito, e ainda não sei se consigo dominar uma tempestade. E isso é bom. Não é de pedra meu coração.
- Pensei em encontro de almas.
- Pensei em conhecer-te melhor.
- Pensei em viver e só.
- Você pensa do seu jeito e os segundos passam... sem olhar pro outro que está segundos regurgitando aqui.
- Não compreendi.
- Um dia pode ser que nossos corpos, esses sim, se entendam. Porque as almas, essas sim, não se entenderão jamais. Não são feitas pra isso, moço.
O relógio gira. E continua a girar.
(Gardênia Vargas - 23/fev/2010 - ode à Manuel Bandeira)
- Olá moço, você veio. Mas logo vai, não é mesmo?
- Minha intenção é essa, menina bonita.
- Assim é bom. Já fico sabendo. Assim é bom.
- Que assim seja.
Dias se passam, ela deixa o relógio flutar.
- Mas já vai... Passou tão rápido. Foi bom ter te conhecido.
- Eu vou, mas já volto.
- Não era esse o combinado.
- Nem tudo pode ser seguido à risca, menina bonita.
Horas se passam, minutos apertam e ele volta. Ela consegue escapar por mais alguns milésimos de segundo. E para o ponteiro!
- Bom te rever, moço. Você me parece bem.
- Sim, muito bem em revê-la, menina.
- Mas você vai em quantos dias?
- alguns mais e me vou.
- Agora de vez?
- Talvez.
Dois dias. Ela abre as janelas.
- Desculpe, mas não tenho mais que uma madrugada.
- Não me importo, menina, é na madrugada que as flores abrem e exalam o perfume.
- Que assim seja.
E foi. Contudo, durou mais que o previsto. Dois dias e o carnaval. Era abrir as portas ou fechar as janelas. Ela fechou. Não quer mais o que o tempo não modificou. Ele não entende porque ela foi tão consumida pelas horas tortas. Ela não consegue decodificar o que os minutos fizeram com eles nesse conta-gotas diário.
- Ficará por muitos anos aqui dentro. Lembranças ricas dos bons minutos a dois.
- É de pedra seu coração?
- Não, é mais macio do que aquela nuvem a passar... Mas se condensado, ele chora.
- Não dá pra segurar tudo, menina bonita, um dia há de chover.
- Já choveu muito, e ainda não sei se consigo dominar uma tempestade. E isso é bom. Não é de pedra meu coração.
- Pensei em encontro de almas.
- Pensei em conhecer-te melhor.
- Pensei em viver e só.
- Você pensa do seu jeito e os segundos passam... sem olhar pro outro que está segundos regurgitando aqui.
- Não compreendi.
- Um dia pode ser que nossos corpos, esses sim, se entendam. Porque as almas, essas sim, não se entenderão jamais. Não são feitas pra isso, moço.
O relógio gira. E continua a girar.
(Gardênia Vargas - 23/fev/2010 - ode à Manuel Bandeira)
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