No dia seguinte que o Botafogo ganhou do Flamengo, recebi essa carta do meu pai, botafoguense até o último fio do cabelo que ainda lhe resta!! Achei bonito e resolvi postar em mais uma prova de amor ao velho, que igual ao Botafogo, mesmo cheio de erros e acertos, me ensinou o valor de amar incondicionalmente.
"QUERIDA, TOU NA RESSACA DA VITÓRIA DO BOTA SOBRE O FRAMNENGO.
Foi Hilário. Não ia passar o jogo (Garopaba / SC), fiquei vagando de noitinha e achei um bar chulé cheio de framenguistas onde ia passar a pugna. Eu não queria perder. Pra mim é o melhor jogo do mundo! Tavam todos de camisa horrorosa e sacaneando: tamos cum pena. Já foi!
Ainda comentei: O Bota é zebra, mas a Unidos da Tijuca tambem era! Não sei se entenderam...
1° TEMPO
Tudo bem, somos fleumáticos, somos Bota, e Fogo, fiquei sentado numa cadeira lá do canto. Parecia que estava sózinho. No primeiro minuto, quase QUASE QUE O fOGO FAZ UM GOL, FIQUEI FRIO, DEPOIS O FLA DOMINOU, DOMÍNIO ESPÚRIO, SABE COMO É, e fez um gol bobo, fruto de uma bobeira "nossa".
Não me apavorei. O juiz roubava descaradamente para o Urubu, um escândalo, como sempre, impune. Temos poucos craques, mas temos craques. Um deles é o Herrera, maravilhoso! Outro é o lateral esquerdo, e temos a torre Loco Abreu. A bola foi levantada, Loco desviou lá de cima, Herrera dominou espetacularmente, fez um giro lindo, difícil, coisa de craque, e soltou a bomba. O goleiro do Fra rebateu e o Marcelo, o lateral, pegou de primeira. Gol! Golaço! Claro que não me segurei, levantei pulando... A galera ficou me olhando numa boa, vi o pavor na cara deles.
Daí um velhinho que estava encostado no bar tomando umas pingas, veio caminhando e me abraçou. Você é Botafogo? Somos nós dois! Não te conheço mas agora você é meu amigo! (Coisas de botafoguenses) Nos abraçamos, cheios de confiança, acaba o primeiro tempo.
INTERVALO
Pedi uma água sem gás, umas paçoquinhas, (não tinha nada no bar, do que eles vivem? Cachaça e cerveja?) e me animei a fazer uns comentários. O pessoal é Framengo mas é decente,é, era agressivo, pudemos conversar e pude reclamar das roubadas horríveis do juizinho, como sempre foi.
2° TEMPO
Começa o segundo tempo, o Fogo tava diferente, temos o melhor técnico do mundo e achei que dava. O Framengo "perdia" gols, na verdade, para um cara como eu, que passou a vida jogando e vendo futebol, não perdiam era nada, eram lances normais, e pude sentir o desespero, AQUELE DO "QUEM PERDE LEVA" e daí o nosso técnico lindão, o Joel Santana, colocou aquele que a galera pedia, o Caio, o nosso Pelé branco. Tudo mudou, o garoto de 19 anos entortava todo mundo!
O Bota brigava, era final de Copa do Mundo e nós queremos e gostamos de ver RAÇA, você sabe.
E raça tinha, e futebol tambem. Outro levantamento, e outra vez o Herrera (eu te amo, Herrera!) deu um toque lateral pro Caio que entrou rachando, numa divida, e ela, a redonda, a mais amada, foi pererecando pra dentro do gol. Gooooooollllllllooolll !Gol de raça! Assim é que é bom!
Daí não aguentei mesmo! Pulei, gritei e corri pro meu velhinho praquele abraço gostoso. Ah! Que bafo horrível e gostoso de pinga! Quase que dei um beijo nele, mas aí era demais. Se fosse você, seriam mil beijos!
E os framengos foram murchando, eles só sabem ganhar, não sabem perder, ganhar é fácil, perder é que é dificil, daí é que tem que ter grandeza de saber que nada como um dia depois do outro! O Juiz ainda arranjou tres minutos roubados pra ver se conseguia o empate do Urubu, MAS O DIA ERA NOSSO, ESTAVA ESCRITO HÁ MIL ANOS! ACAAABOOOUUUU !!!!
FIM DE JOGO!
Aí o velhinho pirou, o sorriso sem dentes era lindo, pediu mais uma, me abraçou de novo, os urubus foram saindo de fininho e ficamos nós dois comentando o jogo, e o dono do bar, Fra, com a pintura na parede olhava calmamente, teve classe. O bar era na rua lá embaixo, fui caminhando flutuando, feliz, tinha que encontrar os amigos! Como somos bobos, e como é facil ser feliz!
É temporada aqui, a cidade tá cheia de camisas do Gremio e do Inter, fui andando no meio dos estrangeiros até o bar lá da praia onde nos reunimos, e meus amigos tavam lá.
Só eu Fogão, mas fui festejado por todos. Gente educada. Até os Urubus me abraçaram, bacana. Lembrei da frase imortal: "torcer para time de massa é falta de imaginação!" e beijei o escudo que estava no meu chaveiro. E aí gritei: tem que aturar! Ninguem ganha na véspera! O Fra tava de salto alto! O Caio é o novo Pelé! Tem que respeitar o time do Garrincha e do Nilton Santos! Do Jair! Do Túlio! Do Herrera ! Viva o Loco que é Loco mas não é burro! E outras barbaridades. Tomei outra água mineral sem gás e depois fui procurar coisa melhor pra fazer. Afinal, um dia especial!
Hoje acordei assim. Tou com o velho calção do Bota, a camisa que comprei quando estava contigo, empatamos com aqueles chatos, lembra, que ano foi isso, sei lá, e está ali, pendurada, e vou escolher qual vou usar hoje. Talvez a retro do Nilton Santos, a Enciclopédia do futebol!
Hoje vou desfilar a estrela. Vitória não é todo dia!
Toca o telefone. Tenho que ir no restaurante trocar umas fotos, as molduras estão pesadas, e depois de tarde colocar mais vinte e cinco fotos de música, cães, natureza, algumas mulheres (ninguem é de ferro) e depois te conto dos sucessos que virão.
Será que dá pra colocar esta bobagem emocional no teu blog? Cê que vê.
Te amo, me arrepio ao saber que voce é Botafogo!
Essa é uma enorme prova de amor que voce me dá!
Alem de existir na minha vida! Te amo, te adoro, forever!
Sermpre sempre, sempre, pra sempre!
Pappai"
E TEM JEITO DE NÃO SER, PAI?
terça-feira, fevereiro 23, 2010
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
E se o carnaval não deixar passar...
Um dia um moço chegou e tentou roubar de assalto seu coração. Ela não deixou. Como há tempos ninguém tira seu fôlego, decidiu que iria tentar desamarrar as amarras que o tempo traçou. Abriu a guarda, era o escopo, deixou entrar.
- Olá moço, você veio. Mas logo vai, não é mesmo?
- Minha intenção é essa, menina bonita.
- Assim é bom. Já fico sabendo. Assim é bom.
- Que assim seja.
Dias se passam, ela deixa o relógio flutar.
- Mas já vai... Passou tão rápido. Foi bom ter te conhecido.
- Eu vou, mas já volto.
- Não era esse o combinado.
- Nem tudo pode ser seguido à risca, menina bonita.
Horas se passam, minutos apertam e ele volta. Ela consegue escapar por mais alguns milésimos de segundo. E para o ponteiro!
- Bom te rever, moço. Você me parece bem.
- Sim, muito bem em revê-la, menina.
- Mas você vai em quantos dias?
- alguns mais e me vou.
- Agora de vez?
- Talvez.
Dois dias. Ela abre as janelas.
- Desculpe, mas não tenho mais que uma madrugada.
- Não me importo, menina, é na madrugada que as flores abrem e exalam o perfume.
- Que assim seja.
E foi. Contudo, durou mais que o previsto. Dois dias e o carnaval. Era abrir as portas ou fechar as janelas. Ela fechou. Não quer mais o que o tempo não modificou. Ele não entende porque ela foi tão consumida pelas horas tortas. Ela não consegue decodificar o que os minutos fizeram com eles nesse conta-gotas diário.
- Ficará por muitos anos aqui dentro. Lembranças ricas dos bons minutos a dois.
- É de pedra seu coração?
- Não, é mais macio do que aquela nuvem a passar... Mas se condensado, ele chora.
- Não dá pra segurar tudo, menina bonita, um dia há de chover.
- Já choveu muito, e ainda não sei se consigo dominar uma tempestade. E isso é bom. Não é de pedra meu coração.
- Pensei em encontro de almas.
- Pensei em conhecer-te melhor.
- Pensei em viver e só.
- Você pensa do seu jeito e os segundos passam... sem olhar pro outro que está segundos regurgitando aqui.
- Não compreendi.
- Um dia pode ser que nossos corpos, esses sim, se entendam. Porque as almas, essas sim, não se entenderão jamais. Não são feitas pra isso, moço.
O relógio gira. E continua a girar.
(Gardênia Vargas - 23/fev/2010 - ode à Manuel Bandeira)
- Olá moço, você veio. Mas logo vai, não é mesmo?
- Minha intenção é essa, menina bonita.
- Assim é bom. Já fico sabendo. Assim é bom.
- Que assim seja.
Dias se passam, ela deixa o relógio flutar.
- Mas já vai... Passou tão rápido. Foi bom ter te conhecido.
- Eu vou, mas já volto.
- Não era esse o combinado.
- Nem tudo pode ser seguido à risca, menina bonita.
Horas se passam, minutos apertam e ele volta. Ela consegue escapar por mais alguns milésimos de segundo. E para o ponteiro!
- Bom te rever, moço. Você me parece bem.
- Sim, muito bem em revê-la, menina.
- Mas você vai em quantos dias?
- alguns mais e me vou.
- Agora de vez?
- Talvez.
Dois dias. Ela abre as janelas.
- Desculpe, mas não tenho mais que uma madrugada.
- Não me importo, menina, é na madrugada que as flores abrem e exalam o perfume.
- Que assim seja.
E foi. Contudo, durou mais que o previsto. Dois dias e o carnaval. Era abrir as portas ou fechar as janelas. Ela fechou. Não quer mais o que o tempo não modificou. Ele não entende porque ela foi tão consumida pelas horas tortas. Ela não consegue decodificar o que os minutos fizeram com eles nesse conta-gotas diário.
- Ficará por muitos anos aqui dentro. Lembranças ricas dos bons minutos a dois.
- É de pedra seu coração?
- Não, é mais macio do que aquela nuvem a passar... Mas se condensado, ele chora.
- Não dá pra segurar tudo, menina bonita, um dia há de chover.
- Já choveu muito, e ainda não sei se consigo dominar uma tempestade. E isso é bom. Não é de pedra meu coração.
- Pensei em encontro de almas.
- Pensei em conhecer-te melhor.
- Pensei em viver e só.
- Você pensa do seu jeito e os segundos passam... sem olhar pro outro que está segundos regurgitando aqui.
- Não compreendi.
- Um dia pode ser que nossos corpos, esses sim, se entendam. Porque as almas, essas sim, não se entenderão jamais. Não são feitas pra isso, moço.
O relógio gira. E continua a girar.
(Gardênia Vargas - 23/fev/2010 - ode à Manuel Bandeira)
Dulces
Se o hoje fosse ontem
não teria tanta força
vastos são os sentimentos
do momento
agora
duros são os pesares
do passado
ontem
doces são as palavras
pensadas
antes
amarga é o poder
da raiva
no ato
dulces, eu prefiro os dulces.
não teria tanta força
vastos são os sentimentos
do momento
agora
duros são os pesares
do passado
ontem
doces são as palavras
pensadas
antes
amarga é o poder
da raiva
no ato
dulces, eu prefiro os dulces.
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