terça-feira, fevereiro 23, 2010

BOTAFOGO: Mais uma prova de amor!

No dia seguinte que o Botafogo ganhou do Flamengo, recebi essa carta do meu pai, botafoguense até o último fio do cabelo que ainda lhe resta!! Achei bonito e resolvi postar em mais uma prova de amor ao velho, que igual ao Botafogo, mesmo cheio de erros e acertos, me ensinou o valor de amar incondicionalmente.

"QUERIDA, TOU NA RESSACA DA VITÓRIA DO BOTA SOBRE O FRAMNENGO.

Foi Hilário. Não ia passar o jogo (Garopaba / SC), fiquei vagando de noitinha e achei um bar chulé cheio de framenguistas onde ia passar a pugna. Eu não queria perder. Pra mim é o melhor jogo do mundo! Tavam todos de camisa horrorosa e sacaneando: tamos cum pena. Já foi!

Ainda comentei: O Bota é zebra, mas a Unidos da Tijuca tambem era! Não sei se entenderam...

1° TEMPO

Tudo bem, somos fleumáticos, somos Bota, e Fogo, fiquei sentado numa cadeira lá do canto. Parecia que estava sózinho. No primeiro minuto, quase QUASE QUE O fOGO FAZ UM GOL, FIQUEI FRIO, DEPOIS O FLA DOMINOU, DOMÍNIO ESPÚRIO, SABE COMO É, e fez um gol bobo, fruto de uma bobeira "nossa".

Não me apavorei. O juiz roubava descaradamente para o Urubu, um escândalo, como sempre, impune. Temos poucos craques, mas temos craques. Um deles é o Herrera, maravilhoso! Outro é o lateral esquerdo, e temos a torre Loco Abreu. A bola foi levantada, Loco desviou lá de cima, Herrera dominou espetacularmente, fez um giro lindo, difícil, coisa de craque, e soltou a bomba. O goleiro do Fra rebateu e o Marcelo, o lateral, pegou de primeira. Gol! Golaço! Claro que não me segurei, levantei pulando... A galera ficou me olhando numa boa, vi o pavor na cara deles.

Daí um velhinho que estava encostado no bar tomando umas pingas, veio caminhando e me abraçou. Você é Botafogo? Somos nós dois! Não te conheço mas agora você é meu amigo! (Coisas de botafoguenses) Nos abraçamos, cheios de confiança, acaba o primeiro tempo.

INTERVALO

Pedi uma água sem gás, umas paçoquinhas, (não tinha nada no bar, do que eles vivem? Cachaça e cerveja?) e me animei a fazer uns comentários. O pessoal é Framengo mas é decente,é, era agressivo, pudemos conversar e pude reclamar das roubadas horríveis do juizinho, como sempre foi.

2° TEMPO

Começa o segundo tempo, o Fogo tava diferente, temos o melhor técnico do mundo e achei que dava. O Framengo "perdia" gols, na verdade, para um cara como eu, que passou a vida jogando e vendo futebol, não perdiam era nada, eram lances normais, e pude sentir o desespero, AQUELE DO "QUEM PERDE LEVA" e daí o nosso técnico lindão, o Joel Santana, colocou aquele que a galera pedia, o Caio, o nosso Pelé branco. Tudo mudou, o garoto de 19 anos entortava todo mundo!

O Bota brigava, era final de Copa do Mundo e nós queremos e gostamos de ver RAÇA, você sabe.

E raça tinha, e futebol tambem. Outro levantamento, e outra vez o Herrera (eu te amo, Herrera!) deu um toque lateral pro Caio que entrou rachando, numa divida, e ela, a redonda, a mais amada, foi pererecando pra dentro do gol. Gooooooollllllllooolll !Gol de raça! Assim é que é bom!

Daí não aguentei mesmo! Pulei, gritei e corri pro meu velhinho praquele abraço gostoso. Ah! Que bafo horrível e gostoso de pinga! Quase que dei um beijo nele, mas aí era demais. Se fosse você, seriam mil beijos!

E os framengos foram murchando, eles só sabem ganhar, não sabem perder, ganhar é fácil, perder é que é dificil, daí é que tem que ter grandeza de saber que nada como um dia depois do outro! O Juiz ainda arranjou tres minutos roubados pra ver se conseguia o empate do Urubu, MAS O DIA ERA NOSSO, ESTAVA ESCRITO HÁ MIL ANOS! ACAAABOOOUUUU !!!!

FIM DE JOGO!

Aí o velhinho pirou, o sorriso sem dentes era lindo, pediu mais uma, me abraçou de novo, os urubus foram saindo de fininho e ficamos nós dois comentando o jogo, e o dono do bar, Fra, com a pintura na parede olhava calmamente, teve classe. O bar era na rua lá embaixo, fui caminhando flutuando, feliz, tinha que encontrar os amigos! Como somos bobos, e como é facil ser feliz!

É temporada aqui, a cidade tá cheia de camisas do Gremio e do Inter, fui andando no meio dos estrangeiros até o bar lá da praia onde nos reunimos, e meus amigos tavam lá.

Só eu Fogão, mas fui festejado por todos. Gente educada. Até os Urubus me abraçaram, bacana. Lembrei da frase imortal: "torcer para time de massa é falta de imaginação!" e beijei o escudo que estava no meu chaveiro. E aí gritei: tem que aturar! Ninguem ganha na véspera! O Fra tava de salto alto! O Caio é o novo Pelé! Tem que respeitar o time do Garrincha e do Nilton Santos! Do Jair! Do Túlio! Do Herrera ! Viva o Loco que é Loco mas não é burro! E outras barbaridades. Tomei outra água mineral sem gás e depois fui procurar coisa melhor pra fazer. Afinal, um dia especial!

Hoje acordei assim. Tou com o velho calção do Bota, a camisa que comprei quando estava contigo, empatamos com aqueles chatos, lembra, que ano foi isso, sei lá, e está ali, pendurada, e vou escolher qual vou usar hoje. Talvez a retro do Nilton Santos, a Enciclopédia do futebol!

Hoje vou desfilar a estrela. Vitória não é todo dia!

Toca o telefone. Tenho que ir no restaurante trocar umas fotos, as molduras estão pesadas, e depois de tarde colocar mais vinte e cinco fotos de música, cães, natureza, algumas mulheres (ninguem é de ferro) e depois te conto dos sucessos que virão.

Será que dá pra colocar esta bobagem emocional no teu blog? Cê que vê.
Te amo, me arrepio ao saber que voce é Botafogo!
Essa é uma enorme prova de amor que voce me dá!
Alem de existir na minha vida! Te amo, te adoro, forever!
Sermpre sempre, sempre, pra sempre!

Pappai"

E TEM JEITO DE NÃO SER, PAI?

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

E se o carnaval não deixar passar...

Um dia um moço chegou e tentou roubar de assalto seu coração. Ela não deixou. Como há tempos ninguém tira seu fôlego, decidiu que iria tentar desamarrar as amarras que o tempo traçou. Abriu a guarda, era o escopo, deixou entrar.

- Olá moço, você veio. Mas logo vai, não é mesmo?
- Minha intenção é essa, menina bonita.
- Assim é bom. Já fico sabendo. Assim é bom.
- Que assim seja.

Dias se passam, ela deixa o relógio flutar.

- Mas já vai... Passou tão rápido. Foi bom ter te conhecido.
- Eu vou, mas já volto.
- Não era esse o combinado.
- Nem tudo pode ser seguido à risca, menina bonita.

Horas se passam, minutos apertam e ele volta. Ela consegue escapar por mais alguns milésimos de segundo. E para o ponteiro!

- Bom te rever, moço. Você me parece bem.
- Sim, muito bem em revê-la, menina.
- Mas você vai em quantos dias?
- alguns mais e me vou.
- Agora de vez?
- Talvez.

Dois dias. Ela abre as janelas.

- Desculpe, mas não tenho mais que uma madrugada.
- Não me importo, menina, é na madrugada que as flores abrem e exalam o perfume.
- Que assim seja.

E foi. Contudo, durou mais que o previsto. Dois dias e o carnaval. Era abrir as portas ou fechar as janelas. Ela fechou. Não quer mais o que o tempo não modificou. Ele não entende porque ela foi tão consumida pelas horas tortas. Ela não consegue decodificar o que os minutos fizeram com eles nesse conta-gotas diário.

- Ficará por muitos anos aqui dentro. Lembranças ricas dos bons minutos a dois.
- É de pedra seu coração?
- Não, é mais macio do que aquela nuvem a passar... Mas se condensado, ele chora.
- Não dá pra segurar tudo, menina bonita, um dia há de chover.
- Já choveu muito, e ainda não sei se consigo dominar uma tempestade. E isso é bom. Não é de pedra meu coração.
- Pensei em encontro de almas.
- Pensei em conhecer-te melhor.
- Pensei em viver e só.
- Você pensa do seu jeito e os segundos passam... sem olhar pro outro que está segundos regurgitando aqui.
- Não compreendi.
- Um dia pode ser que nossos corpos, esses sim, se entendam. Porque as almas, essas sim, não se entenderão jamais. Não são feitas pra isso, moço.


O relógio gira. E continua a girar.

(Gardênia Vargas - 23/fev/2010 - ode à Manuel Bandeira)

Dulces

Se o hoje fosse ontem
não teria tanta força

vastos são os sentimentos
do momento
agora

duros são os pesares
do passado
ontem

doces são as palavras
pensadas
antes

amarga é o poder
da raiva
no ato

dulces, eu prefiro os dulces.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

sábado, janeiro 30, 2010

Uma nova postagem...

em branco.

cor do véu e grinalda
cor do infinito
do divino

a veste das santidades mais castas

do esquecimento
do recomeçar
a cor da paz
a busca interior

limpeza
alinho

o branco

da pele rara
a raça caucásica
encanecido

pureza
asseio
o sangue do verde

do escudo do time amado
das paredes assépticas
o bilhar

a clara de ovo cozida
o leite derramado
a neve

a cor do descorado
pálido
a mistura de todas as cores

da assinatura que se confia
da resposta que não se sabe

o branco

espaço a mais
o não ordinário

as estrelas
a lua
as luas

o negativo

o positivo

A inspiração.


(Gardênia Vargas - 29 de jan/2010)

terça-feira, janeiro 19, 2010

INDEPENTENTEMENTE CONFUSA E SUPER SEGURA EM: A FESTA

A independentemente Confusa ouviu uma conversa das amigas animadas para uma tal festinha esperta, num tal lugar descolado da zona sul carioca. Tão logo ouviu, se convidou. Chegou o dia esperado e ela sem pestanejar ligou pra amiga Super Segura:


- E aí amiga, vamos nessa? – Já está na hora marcada e a Independentemente Confusa está quase pronta.

- Claro, já estou me arrumando – Responde a Super Segura com voz de quem vai demorar.


E lá chegaram, junto com a trupe de amigas, todas lindas, produzidas e com calor! Uma delas dá a idéia, e logo, todas seguem: começa o festival de caipirinhas.


- Ah, amiga vou lá pegar mais umaaaaaa! – Em pouco menos de dez minutos, lá vai a Independentemente Confusa rumo ao bar.


De volta à pista de dança. Minutos mais tarde...


- Amigaaaaaaaa, mais uma – Vai decidida, a Independentemente Confusa.

- Olha lá, amigaaa, presta atenção! – Precaveu a Super Segura.

- Ih, amiga, to bem. Tranquila, ó – Abre os braços com um imenso sorriso no rosto à Super Segura.

- Tá, mas dessa vez deixa que eu peço – Intervém.


Porém, a Super Segura pede caipivodka. Não se toca que a amiga, já bem alegrinha, estava tomando caipirinha, com cachaça!


- Moço, isso aqui tá muito fraco! Assim num dá, pagamos uma baba por esse suquinho?! – Interpela, a Independentemente Confusa, debruçada na bandaca do bar.


E o barman prontamente atende ao pedido da moça bonita e Independentemente Confusa. A vodka transborda do copo e escorre pelos dedos. A Independentemente Confusa não perde tempo. Entorna. De repente, um amigo dos amigos segura ela pela cintura e... já era!

Depois de muito dançar, a Independentemente Confusa, se esquiva num corrimão e de lá não saí nem por um decreto. Alí, a Super Segura observa de longe. A Independentemente Confusa respira fundo, agradece a coca-cola, que o rapaz educado trouxa para ela, bebe uns goles, mas percebe que está na hora de ir. Vira pro lado, gruda no braço da amiga Super Segura, que correu pra perto para "estar por perto para qualquer emergência":


- Queridona, preciso que você me coloque num taxi A-GO-RA!


Olha pra frente, pro amigo dos amigos, que está ali, “cuidando” dela e diz:


- Desculpe, mas preciso ir embora A-GO-RA!


A Super Segura escora a amiga escada abaixo. Ela mesma, a Independente Confusa, pediu um taxi, soletrando o nome da rua e o número da casa beeeeeeeeeeem devagar...


No dia seguinte, a Independentemente Confusa acorda às 15h30, na cama, com os sapatos, a bolsa atravessada, a mesma roupa, maquiagem, a cabeça pesando uma tonelada e um celular a mais... Hein? Um celular diferente! Com quatro chamadas não atendidas, cinco mensagens, todas elas endereçadas... a ela!


Ela está ainda mais confusa. Outro celular toca, desta vez é o dela. Atende com voz de Leda Nagle:


- Oi amiga... o que houve ontem? Tô morta de vergonha! – Joga uma enxurrada de perguntas à amiga Super Segura, que já tinha acordado e feito seu almocinho vegetariano.

- Que isso amiga, você tava amarradona ontem dançado. Fica na paz. Tá tudo bem – A Super Segura tenta acalmar a amiga.

- Amiga, como está tudo bem? Só me lembro de estar dançando e... meu Deus! Fiquei com o irmão da Geraldine, aquele que ela MORRE de ciúmes... é isso? Esse celular é dele!

- Não garota! Tá maluca?! – diz incisiva a Super Segura.

- Ué? Então foi com aquele outro que ficou querendo cheirar meu cangote, o EX DA EMANULE... Ela vai me matar! – Grita em desespero a Independentemente Confusa.

- Poooooooorra! Garota, não... Você ficou com o amigo dos amigos, aquele que gente boa – Explica indignada a Super Segura.

- Ah é?! Ufa, que bom... Lembrei. Olha vou na rua. Tô enjoada. Preciso fazer alguma coisa.


Na rua, a Independentemente Confusa entra numa farmácia.


- Olá, bom dia!

- Boa noite, querida, boa noite – Mau humorado, o atendente range entre os dentes.

- Ah, sim, desculpe, boa noite. Bom, queria uma ajuda sua... Bom, meu irmão está
enjoado, sabe? Ele, bom, ELE bebeu muito ontem, misturou, essas coisas, entende? – Tenta mentir, bem sem graça, a Independentemente Confusa.


Sai da farmácia com dois vidrinhos de Epocler. Toma um em jejum, pra lascar. Respira e volta pra casa. Pega o telefone:


- Amiga, a festa, tava boa?

- Hahahahaha! Meu-Deus! Sim, estava. Você que o diga – Ironiza a Super Segura.

- Ah, sim... Bom, deixei o celular do menino na portaria. Ele ligou de novo e eu disse que tive que sair com meu irmão e deixei na portaria – explica, meio confusa, a independentemente Confusa.

- Mas irmão? Você não tem irmão! – Se espanta a Super Segura.

- Bom, tudo resolvido. Agora vamos a minha mais nova decisão de ano novo: NÃO BEBO NUNCA MAIS!

- Sei, sei...


Desligam o telefone. A Super Segura comenta baixinho para ela mesma antes de dormir:


- Essa minha amiga, essa minha, amiga. É uma fi-gu-ra-ça! - e dorme sorrindo.




***

sábado, janeiro 09, 2010

O HOJE

Depois de tanto
mais um pouco

silêncio

e a busca
pelo que não sei
ainda

paciência

e o caminho
das pedras
perdidas
no espaço

tempo

pra frente
olhando atrás
e vendo

equilíbrio

e a corda
bamba
os rastros
dos ratos

salvação

a imagem
da lua
crescente
crescendo

universo

cheio
pleno
e as fases
ah, as frases...

(Gardênia Vargas - 09 de jan de 2010)

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Dia (a) dia

Eis aqui seu fruto

projeto do querer mais
produto do acaso
gerador de filhos crueis

alegrar-te
eis a vida

na mão
a certeza da dor
o romper
no coração
o vazio de ser

e não saber

vai pra longe
procura
vê que é pleno
transforma
re-inventa

cambalhota
e tudo no lugar

Alegra-te
Eis a vida.

(Gardênia Vargas - 7/dez/09)

sexta-feira, dezembro 04, 2009

bichanos

Hoje reparei um pouco mais nos bichos, alguns mais domésticos, como o cachorro, gato, piriquito e papagaio...

e revendo umas fotos antigas, um vídeos velhos, me deparei com pinguins, leões marinhos, baleias, borboletas, passarinhos, porcos-espinhos...

tive a nítida certeza, que nós, bichanos racionais, só podemos olhar e aprender com eles, os irracionais, que são muito mais, muito mais, muito mais...

segunda-feira, novembro 30, 2009

Pensamento sobre a morte

Esse ano levou muita gente querida para longe... Vi muita gente chorar de dor, e eu mesma tive que lidar com vazios impossíveis de "repor".

Hoje reli um dos trechos mais lindos sobre a morte. Da peça "Viver sem tempos mortos":

"Meu silêncio não nos separou. Sua morte nos separa. Minha morte não nos reunirá. Assim é. Assim é. Já é belo que nossas vidas tenham podido se harmonizar por tantos anos" - Simone De Beauvoir

terça-feira, novembro 24, 2009

DICA DA SEMANA - CINEMA

Gente, não aguentei!
Uma mostra de filmes do Almodóvar, de graça!
Imperdível!

Os horários durante a semana são ingratos pra mim, que trabalho com "hora marcada". Mas quem puder, e morar no Rio, please, separe um tempo para se deleitar:

Aí vai o link: http://oglobo.globo.com/cultura/rioshow/mat/2009/11/23/ccbb-apresenta-mostra-gratuita-com-filmes-de-pedro-almodovar-914881547.asp

Beijos

segunda-feira, novembro 23, 2009

INDEPENDENTEMENTE CONFUSA E SUPER SEGURA EM: O RIO QUE DÁ SAMBA

A Independentemente Confusa liga para a Super Segura para convidar pra uma noitada na quadra da Mangueira, curtir a bateria nota dez da escola de samba mais popular do Rio. Uma delas tem uma amiga da amiga da amiga que conhece um tal cara da escola que lhes ofereceu o melhor dos camarotes!

- Ah, assim dá pra ir, vamos?!- Faz o convite, a Independentemente Confusa.

- Oba! Vamos sim. Já estou me arrumando - Responde animada, a Super Segura.

- Vai com uma roupa bem fresquinha porque lá faz um calorrrr! - Aconselha.

- Tá certo. Vou com aquele meu vestidinho laranja da Totem, soltinho e que me dá uma sorte - rindo, a Super Segura desliga e corre pro banho.


As duas se encontram, a Independentemente Confusa está com três amigos gringos. Super Segura chega linda no vestidinho laranja. Chegam na quadra e são recebidas pelo presidente. Em cinco minutos começam a se esbaldar no camarote cheio de samba, suor e cerveja.


- Amigaaaa, quem é aquela criança ali? Que graça! - pergunta, a Super Segura.

- Amigaaaa, ele é um neném, tem 17 anos e está ACOMPANHADO - fala enfática, a Indepententemente Confusa.

- De uma menina de uns... 15 anos!

- Mas está.

- Ok ok... - Resignada, a Super Segura olha pros lados e sai de perto.


A bateria começa a tocar, o arrepio sobe a espinha. Muita emoção no coração. As duas sambam como se não houvesse amanhã.
Uma hora depois:


- Ahhhhhhhh, O Rio de Janeiro! Quantas possibilidades! - suspira a Super Segura com a mão no coração.

- Amiga, o menino deixou a namorada em casa e veio me perguntar se você tem namorado... - Conta reticente, a Independentemente Confusa.

- Jura?! Hahahahahahaha! Muito bom. Mas agora não quero mais - esnoba.

- Eita! Então tá. Melhor assim. Ufa! - desabafa, a Indepententemente Confusa.


Às cinco da manhã és chegada a hora de ir embora. Todo mundo acabado de tanto sambar, com sorrisos de orelha a orelha. Quando o taxi chega, os gringos embarcam e a Independetemente Confusa chama a Super Segura, que está atrás de um outro carro conversando com... Caraca! O menininho...


- Amigaaaaaaaaa! O taxi chegou!

- Eu sei amiga, mas o Marlon mora no Leblon. Vai me levar em casa e depois vai pra dele. Tá tudo certo.

- Putaquilpariu - resmunga baixinho, a Independentemente Confusa - Então tá, se cuida.

- Pode deixar. Vai ser melhor porque vocês vão para ouuuuuuutro lado - diz sorrindo e apontando direções completamente distintas, a Super Segura.


No dia seguinte, o telefone toca, às 9h da manhã:


- Alô... - atende a Independetemente Confusa com a voz rouca e ainda dormindo.

- Amiga! Peguei garotinho e trouxa aqui pra minha casaaaaaaaaaaaaaaa! Tem noção? Não trago niguém pra cá!

- E aí? Ele é uma maravilha! Diz aí? - acorda e pergunta curisosa, a Independentemente Confusa.

- É! Ele é uma coisa!!! Dezessete anos, amiga, uma coisa!! - suspira a Super Segura - Menina, ele é uma graça! Ainda me pediu pra eu levar ele lá embaixo pra pegar o taxi...

- Ó, que bunitinho!

- Pois é, mas agora que ele fica mandando mensagem de texto que cinco em cinco minutos!

- Desde ontem?

- Desde às 7h da manhã! - Indignada, a Super Segura.

- Caraca! Apaixonou.

- Nada, quer de volta a cuequinha dele que prendi entre os dentes e não soltei de jeito nenhum!

- Mentira?????

- Claro que é mentira, né?!

- Ah, ô. Então, o que é que ele quer? - Confusa, a Indepentendemente Confusa.

- Cara, sei lá. Nem quero saber. - Segura, a Super Segura.

- Eu, hein?! Estranho.

- Já me adicionou no orkut e tudo, amiga!

- Ai... Crianças - Desdenha, a Independentemente Confusa.

- Na verdade quem adicionou ele fui eu... - Confessa, rapidamente, a Super Segura.

- Amiga! Como assim? - Desconfia, a Independentemente Confusa.

- Pois é. Na verdade quem está mandando as mensagens sem parar, sou eu também.

- ...

- Cara, como pode uma mulher feita se apaixonar por um menino LINDO, GOSTOSO, CHEIO DE VIDA,COM UM CORPO MARAVILHOSO, de 17 anos, que viu uma vez na vida? - pergunta, às gargalhadas, a Super Segura.

- Tá falando sério?

- Estou. - Para de rir e se cala.

- PUTAQUILPARIU! Vai dormir...


Horas mais tarde, à noite, no Baixo Gávea, as duas comendo temaki.


- E aí amiga, ele respondeu alguma mensagem? - pergunta curiosa, a Independentemente Confusa.

- Ele quem? - Super Segura faz cara de desentendida.

- Como quem???? O menino do samba, que foi pra sua casa, que você psicopateou o dia inteiro, que você disse que estava apaixonada!!!

- Ahhhhhhhhhh, táaaaaaaaaaaa - com ar blasé - Sei lá. Acordei agora pouco com uma sensação de ter sonhado. Acho que bebi demais.

- Bebeu demais?! Amiga, você me acordou às 9h da manhã de um domingo, domingo! Até Deus descansou nesse dia. E pra que?? Pra me contar do seu affair com um baby de 17 anos e...

- Ai, olha aquilo, amiga! Olha! - Corta a conversa pra mostrar alguma outra coisa à Independentemente Confusa.

- O que? Que que é? Então, você me ligou.. - continua.

- Ali amigaaaaaaaaaaaa! Olha esse homem aqui na nossa frente - frenética, a Super Segura faz pra frente com o queixo.

- Onde? Ei!! Amiga, to falando de hoje quando me ligou e... Caraca! Esse cara podia ser seu pai! Olha a barriga de chope!

- Que que tem... Eu também tenho barriguinha de cerveja. E, além do mais, homem maduro é tudo! - afirma sem pestanejar, a Super Segura.

- Ihhhhhhh... Nessa eu não caio mais, fui! - Decidida, a Independentemente Confusa levanta, e olha para atrás.

- Me espeeeeeraaaaaaaaa! - Grita a Super Segura.

- Vem logo, sua louca.

As duas se abraçam sorrindo, e na saída, a Super Segura ainda dá uma olhadinha pro moço mais velho e comenta:

- Ele é interessante, não é?

- Cale-se.

Caem no riso e se vão pela Gávea afora.


(Gardênia Vargas - 22/nov/2009)

sábado, novembro 21, 2009

Go-go!

É como estar no ar...
sem folêgo.
Caindo.

E, de repente, um escopo!
Vai em cheio, com força, mas erra...
Mais uma vez... erra!

Novamente,
começa tudo novamente.
E... zero!

Quero mais vento.
Mais inspiração.
Vem!

Não, não vá embora, não.
Não quero.

Cadê a luz do dia raiar
e a imensidão sobrevoar,
todo nosso ardor?

Nossos devaneios, sonhos e desejos
Descobertas sem fim.
Vem!

Não, esse não é o lugar.
Vem pra cá,
no meu colo descansar

Desista.
Vem!

Já volta
Já volto
Espera.
Quero ar!
Não vá.

quarta-feira, novembro 11, 2009

O silêncio das notas

Hoje ouvi acordes, palavras
Melodias da mesma canção
Que me lembra o vão
Em vão

Inesperada surpresa que leva meu lema
Me deixou vermelha
De orgulho e compaixão

Não sou tão sã, mas senti o perdido
O coração em pedaços
Na minha mão

Responsável por tamanho sonho acabado
Sem ressentimentos
Sem perdão

Caminhos distintos levando o mesmo dom

Um certeiro
Outro sem senão

Similares sentimentos
Por estradas opostas
Em busca da mesma dádiva
Do que há de pleno
No amor, na paixão

A vida solitária não pune
Não dói
E no breu da escuridão
Um vazio... um vazio... vazio...

(Gardênia Vargas 11/11)

sábado, novembro 07, 2009

INDEPENDENTEMENTE CONFUSA E SUPER SEGURA EM: O DIA QUE COMEÇOU O VERÃO NO RIO

Sol brilhando lá fora, calor, calor, calor. Vamos à praia.
Super Segura espera Independentemente Confusa na praia de Ipanema, posto nove, no fervo. Pega o telefone e liga:

- Vem amiga, tá todo mundo aqui! 40 graus!! - disse a Super Segura com uma segurança de dar arrepios.

- Ai amiga, to aqui suando enlouquecidamente... (com a voz mole e preguiçosa) num tá muito cheio ai, não?


- Não garota, chata! Vem logo!

- Amiiiiigaaaaaaaaa... Diz a verdade.

- Tá, tá cheio pacaraca, mas vem... (falando baixinho com a boca colada no fone) O julinho tá aqui.

- Aí meu Deus, agora que não vou mesmo.

- Porque???

- Não me depilei.

- Porra, você nunca se depila. Não precisa, vai...

- Você não está entendendo a situação!

- Ah, então, vai logo tirar isso e vem! Vai perder esse praião?

- É, né? Eu vou!


Independentemente Confusa ruma rapidamente para o primeiro instituto de depilação, paga pela dor, e pega o primeiro taxi para o buraco quente de Ipanema. De repente, tudo pára. Ela não tem dúvidas, pega o celular e liga para a Super Segura:

- Taquilpariu... Tá mó trânsito!

- Amiga, vem logo, tá demais! Cheio de homem lindo desfilando e o Julinho perguntou de você.

- Amiga! (falando baixinho, como se alguém pudesse ouvir, além do taxista) Ele não está perto, né?

- Não, né mané?! Ele está lá na beira jogando altinha com os meninos da academia.

- Eca! Detesto homem bombado.

- Lindinha da minha vida, VOCÊ VEM OU NÃO VEM?

- Tô indo, tô indo... Mas tá tudo ardendo aqui. Essa depiladora me machucou...

- Ah, fica assim não, PASSA HIPOGLÓS.

- Tá booooooooooooom - decide, finalmente, a Independentemente Confusa.


Meia hora depois, as duas sentadas na areia, num quadrado apertado, entre barracas, cangas e cadeiras:

- Amiga, ainda bem que eu vim, né? Que praião!

- Ô!

- E o Julinho, hein? Nem tchum pra mim - choraminga a Independentemente Confusa.

- Ah, que isso, ele está ali na beirinha com os amigos.

- É, tá certo. Mas ele ainda não veio falar comigo - ainda desanimada.

- Ele só te viu agora quando você foi dar um mergulho - explica, com paciência, a Super Segura.

- Putz! Me viu e deve ter enxergado todas minhas celulites, estrias e gorduras localizadas ao mesmo tempo, olhou de novo, e desistiu de falar, né?

- Ai, como você está chata! Você é linda. Ele não merece esse tipo de preocupação. Até depilação você fez, poxa.

- Mas amiga, tá meio foda, né? Olha isso - mostrando a barriguinha com celulites quase imperceptíveis.

- Tudo bem, trabalhar em frente ao computador durtante anos não previlegia o corpo, e tal. Acho que você precisa fazer algum exercício físico, sim, vai fazer você se sentir melhor....

- Ai! Ele tá vindo pra cá... Não vou levantar.

- Rárárárárá. Deixa de ser boba - ri, entre dentes, a Super Segura.

- Poxa amiga, ele tá chegando. Ui! Que frio na barriga... O que é que eu faço... Ei! O que é isso?! Amiga! Amigaaaaaaaaaa!

- Pega suas coisas! Rápido! Corre! A bolsa!! Pra águaaaaaaaa!!

***

Minutos depois, a Independentemente Confusa ainda tremendo e se recompondo do susto, passa a mão no cabelo tentando ajeitar. Se pega em pé, agarrada a bolsa, de braços dados com Julinho, toda cheia de areia, cabelo bagunçado, branca de terror e suando, suando, suando:

- Ah, oi, Julinho...

- Oi gata!

- Nossa, o que foi isso, hein?! Horrível. Nunca tinha presenciado um arrastão... - desabafa a Independentemente Confusa.

- É gata, tá foda essa nossa cidade.

- Amiga! - volta-se para a Super Segura, que está de pé, com olhos arregalados, e agarrada nas havaianas - Preciso ir embora!

- É, agora só nos resta isso. Vamos! - Sepulcra a Super Segura.

- Tchau Julinho, foi mal te agarrar assim desse jeito - a Independentemente Confusa tenta justificar a situação constrangedora.

- Que isso, gata! Ó, desculpa me meter mas, pô, te vi correndo, segurando tudo ao mesmo tempo, tadinha... Se quiser, pode malhar comigo lá na academia, consigo mó desconto. Só não pode ficar assim... Sem fôlego.

- Ah, sim, sem "fôlego", sei. Entendi. Pode deixar, te procuro, caso for. Tchauzinho.

***

- Porra, puta cara babaca. Devia desconfiar. Não viu que eu estava tremendo e assustada? E ainda veio me falar em academia...

Super Segura, abre o jornal com a manchete do arrastão do dia anterior estampada na capa, faz cara de sabida e destila:

- Eu falei... não precisava depilar...

***

(Gardênia Vargas - 7/nov/2009)

quarta-feira, outubro 28, 2009

Li e gostei muito:

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra." Caio Fernando de Abreu

segunda-feira, outubro 26, 2009

O desafio do sentido

Coração apertado... tum tum tum...
o tempo passa,
não passa,
passa,
não passa....

O prazo, o prazo.

Nada de respostas.
Não depende só de mim?
Não, não depende.
Definitivamente não depente.
Tum tum tum

Abre-se um buraco no chão.
Me enfio
Ops! Não dá
Volto a sentar.

Não depende só de mim, não, não depende.
Sim, claro, vou conseguir.
Ou fugir...

(Gardênia Vargas - 26/10/2009)

terça-feira, outubro 20, 2009

A Pausa

um ponto e só.
Pode ser
ponto e vírgula.
Vai continuar
sem dó
sem ré
Vai seguir
mas para pra respirar
ponto
E sol.

(Gardênia Vargas)

sexta-feira, setembro 25, 2009

Gentem, notícia velha, mas sempre nova. Um post da minha amiga Vivi sobre o teatro de rua com A companhia Grandes Mystérios e Novidades: http://vividrumond.blogspot.com/2009/08/acreditar-e-fundamental.html

terça-feira, setembro 22, 2009

M de feminino

Toda mulher tem uma Iansã
dentro dela

Toda mulher tem um pavor
que pulsa nela

Toda mulher tem um amor
que desequilibra ela

Toda mulher tem um fervor
que impulsiona ela

Toda mulher tem um horror
que faz medo dela

Toda mulher é um pouco mulher
em tudo pra ela

***

(Gardênia Vargas - 31/ago/2009)