quinta-feira, abril 01, 2010

INDEPENTENTEMENTE CONFUSA E SUPER SEGURA EM: O PLATÔNICO - 1

Um dia a Independentemente Confusa começa a falar em um tal menino, que ela encontra na internet, e que já viu umas duas vezes por conta de encontros casuais. Ele é amigo de alguns amigos de outros amigos dela. Para ela, ele é um cara inteligente e interessante, e assim, acabou despertando a imaginação de um caso perfeito pra aplacar sua carência momentânea.


- Amiga, ele é incrível. Fala cada coisa inteligente – conta entre suspiros e mãos trêmulas à Super Segura.

- Tá, mas vocês vão se ver quando? – Indaga, com uma certa preguiça, a Super Segura.

- Pô amiga, não sei. Não sei se é pra a gente se ver. Eu gosto de ler o que ele escreve...


Um mês se passa, e as amigas decidem ir a uma festa badalada da Zona Sul. Só se comenta das fantasias que irão usar, de quem vão encontrar, das fofocas entre amigos. Elas se encontram no apartamento da Super Segura, demoram horas colando estrelinhas e espalhando a purpurina. Seguem animadas pra festa. Lá pelas tantas, a Independentemente Confusa decide dar uma voltinha pela festa... e de repente:

- Ei, ei! Você por aqui?!

Ela olha pra trás, desconfiada, vai chegando bem perto do menino com óculos escuros, chapéu, colar de havaiana, uma peruca roxa. Ela chega mais perto, esfrega o queixo, olha para os lados:

- Oi, mas, quem é você? – Diz insegura , a Independentemente Confusa.

- Eu, cara! O amigo da Carol, irmã da Julia, namorada do Pedro – Relembra o moço, recolocando os óculos.


Nessa hora a Independentemente Confusa sente seu coração disparar. "É ele! É o Platônico!" Ela pensa rápido, faz cara de "ah, sim, claro" e fala:


- Ah, sim, claro. Poxa! Que legal te ver!! – Abraça o moço – Essa aqui é minha amiga – apresenta a Super Segura, que dá um sorriso largo e continua sem falar nada.

- Oi, prazer – cumprimenta de longe – E aí, depois daqui, vai fazer o que? – Nessa hora o Platônico olha profundamente pra Independentemente Confusa, pega seu copo e dá um fole bem demorado.

- Eu? Eu... eu vou pra casa – sorri amarelo, pega o copo da mão dele e bebe três goles diretos.


Aqui a Independentemente Confusa já está completamente dominada pelo desespero de não saber o que dizer frente a frente ao seu ideal de casamento perfeito e feliz.


- Ah, pra casa? É? Sério mesmo? – Insiste o Platônico.

- É... – responde desorientada, a Independentemente Confusa.

- Poxa, eu acho que ainda vou pra aquele bar ali da esquina.

- Ah, sim. Legal – Se segura a Independentemente Confusa.

- Bom, vou indo – se despede o Platônico.

- Ah tá. Beijos.

- Bom te encontrar além da internet – arremata boniiiiiiiiiito, o Platônico.

- Sim, também adorei – A Independentemente Confusa se contem e sai com muita vontade de gritar!


Olha pro lado e lá está a Super Segura olhando com um sorriso de canto, esperando a euforia da amiga.


- Amigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Putaquelpariu! Esse aí é o...

- Platônico.

- Isso!! Como você sabe?!! - Pergunta surpresa a Independentemente Confusa.

- Ah, só podia ser, ora. E aíiiiii? - Pergunta curiosa a Super Segura.

- E aí que não sei. Sei lá. Sei lá não sei. Vamos pro bar!!!!!!!!!!!! - decide a Independentemente Confusa.

- Hahahahahahaha! Tá bom. Mas antes vamos ali pegar mais um cerveja.


Umas duas horas depois as duas saem da festa e correm pro bar da esquina. Olham em volta. O bar está cheio, entupido de gente. Elas pegam mais uma cerveja, conversam com um e com outro. A Independentemente Confusa não para de olhar em volta. Nada do Platônico. Decidem ir embora. A Super Segura vai consolando a amiga.

Dias se passam e os dois online, um pouco de papo, mas nada. A Independentemente Confusa decide parar com essa coisa platônica. Arruma um namorico e segue sua vida. Às vezes ela bate um papo com o Platônico e tal, mas nada demais. Até um dia num desses MNSs da vida:


- Ah, você vai amanhã? - Pergunta o Platônico.

- Vou sim. Tô precisando me divertir um pouco - Responde reticente a Independentemente Confusa.

- Estou precisando também. Eu vou. Te encontro lá! Você vai, né? - Desbafa o Platônico

- Vou, vou sim. Você vai com quem? - Investiga a Independentemente Confusa.

- Vou encontrar você lá, ué?! Ou é melhor não? - Joga na roda, o esperto Platônico.


Silêncio. Coração dispara! Ela não sabe o que responder. Ela vai estar com o seu peguete. "Putaquilpariu! Sempre quis que esse homem tomasse alguma atitude, mas tinha que ser DESSA vez?!" Pensa alto a Independentemente Confusa. Liga rápido pra Super Segura, que sempre tem o melhor conselho a seguir:


- Amigaaaaaaa! O que que eu façoooooooo? - Pergunta enlouquecida a Independentemente Confusa depois de explicar a situação.

- Ué? Diz a verdade. Fala que é melhor outro dia, que amanhã estará acompanhada. Ou esse cara pensa que você fica esperando ele há meses? - Impele a Super Segura.

- Será?! Ai meu-Deus! Vou escrever - Decide a Independentemente Confusa.


Desliga o telefone e escreve: "Melhor deixar pra próxima, querido. Amanhã estarei acompanhada na festa. Se tivesse me dito antes...". Ele responde: "ok". Ela pensa "ok????? ok???? Ok! Chega disso. Chega dessa emoção. Pô, não mereço isso!". Fecha o notebook, respira, liga pro peguete, se enche de coragem e diz:

- Oi, tudo bem? É... Então, bonitinho... Estava aqui pensando... Não vou à festa amanhã. Cansei, sabe. E sabe, melhor a gente parar por aqui. Acho que preciso ficar sozinha. Não quero te fazer mal, sabe. Não, não, o problema é comigo, não é com você. Relaxa. Adoro você. Seremos bons amigos.


Vai tomar um banho bem demorado. Deita na cama e pensa no dia seguinte, quando abrirá seu note book e verá o verdinho piscando do platônico online...

9 comentários:

M.M. disse...

Ué, mas se a Independentemente confusa já disse que tava acompanhada...o platônico pode muito bem ir com outra, e aí , nem alhos nem bugalhos...

Gardênia Vargas disse...

Mas será que ela queria isso?? risos!!

Vera Mello disse...

Então.... acho bem interessante a descrição das emoções neste jogo presencial x virtual, aliás super hiper atual. Acho até que as pessoas estão trocando um pelo outro e é bom ler sobre as emoções que ficam por detrás disso tudo, mesmo que só na ficção.

Lívia disse...

PEGUEI VC NA MENTIRA, PRIMEIRO DE ABRIL!!!! HAHAHAHAHA

INDEPENDENTEMENTE CONFUSA NÃO IA FAZER ISSO, NEM NO AUGE DA TPM... HAHAHA

VAI A FESTINHA, VAI... MEU BEM....

Renata Borges disse...

A I. C. iria a festa com o peguete e lá daria um perdido pra pegar o platônico!!! hauuahhua

dontletme disse...

Reflexo das modernas relações virtuais, onde a imaginaçao e fantasia podem correr soltas,mas a realidade pode ser nua e crua.
Questão de opção...
Vai na festa, meu bem!(parodiando a outra amiga comentarista)

Unknown disse...

Pooo.. acabou que ficou sem os dois... Ah não! rss

Pipa disse...

Adorei!!!
Vera concordo com seu comentário. Na minha opinião ela poderia ir na festa com o peguete.

Pedro Roitman disse...

Tudo que é platônico, tende a providenciar a quebra de expectativas.... !!

Esse lance de namorar por googletalk é mais ou menos igual ao que nossos avós chamavam de namoro de portão !